Impactos do Bullying na Autoestima e Autoimagem

Impacts of Bullying on Self-Esteem and Self-Image

Impactos del Acoso Escolar en la Autoestima y la Autoimagen

Paloma Pegolo de Albuquerque1

Raissa Maria Fragelli

Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM)

Resumo

A aparência física é um dos principais aspectos relacionados à vivência de bullying, violência que pode afetar a autoestima dos envolvidos. Com o objetivo de investigar a ocorrência de bullying motivado por aparência física no período da adolescência e seus impactos no bem-estar de estudantes por meio dos níveis de autoimagem e autoestima, 107 estudantes universitários responderam retrospectivamente a um questionário. Do total, 66,4% apontaram ter sofrido vitimização, destacando-se violências do tipo verbal, relacional e sexual. Peso, formato corporal e cabelo foram os aspectos da aparência física relacionados à ocorrência de violência mais relatados, e 35,1% das mulheres apontaram o gênero. Os participantes obtiveram uma média alta para autoimagem e baixa para autoestima, e aqueles que sofreram bullying apresentaram escores estatisticamente inferiores aos daqueles que não sofreram. São necessários trabalhos de prevenção ao bullying sensíveis às questões de gênero.

Palavras-chave: bullying, aparência física, autoestima, autoimagem, gênero

Abstract

Physical appearance is one of the main aspects related to the experience of bullying, a violence that can affect the self-esteem of those involved. In order to investigate the occurrence of bullying motivated by physical appearance during adolescence and its impacts on the well-being of students through the levels of self-image and self-esteem, 107 college students retrospectively responded to a questionnaire. Of the totality of participants, 66.4% reported having suffered victimization, with emphasis on verbal, relational, and sexual violence. Factors such as weight, body shape, and hair were the most reported aspects of physical appearance related to the occurrence of violence, and 35.1% of the women indicated their gender. Participants obtained a high average for self-image and low for self-esteem, and those who were bullied had statistically lower scores than those who did not. Gender-sensitive bullying prevention interventions are needed.

Keywords: bullying, physical appearance, self-esteem, self-image, gender

Resumen

La apariencia física es uno de los principales aspectos relacionados con la experiencia de acoso escolar, violencia que puede afectar la autoestima de los involucrados. Con el fin de investigar la ocurrencia del acoso escolar motivado por la apariencia física durante la adolescencia y sus impactos en el bienestar de los estudiantes a través de los niveles de autoimagen y autoestima, 107 estudiantes universitarios respondieron retrospectivamente a un cuestionario. Del total, 66,4% reportaron haber sufrido victimización, con énfasis en violencia verbal, relacional y sexual. Los aspectos de la apariencia física relacionados con la ocurrencia de violencia más relatados fueron el peso, la forma del cuerpo y el cabello, y 35,1% de las mujeres indicó el género. Los participantes obtuvieron un promedio alto en autoimagen y bajo en autoestima, y aquellos que sufrieron acoso escolar obtuvieron puntajes estadísticamente más bajos que aquellos que no lo sufrieron. Se necesitan trabajos de prevención del acoso escolar sensibles al género.

Palabras clave: acoso escolar, apariencia física, autoestima, autoimagen, género

Introdução

Bullying é um tipo de violência entre pares no qual ações físicas e sociais negativas são cometidas de forma intencional e repetitiva contra um indivíduo que não pode se defender facilmente (Olweus, 1993). Pesquisas têm apontado que diversos fatores estariam ­relacionados com a ocorrência de bullying, tais como comportamentos específicos individuais, deficiência física ou intelectual, nível de desempenho escolar, questões de gênero, orientação sexual, aspectos religiosos, bem como a aparência física.

Segundo Russo (2020), um alto número de estudantes relatou já ter sido vítima de bullying devido à sua aparência física, sendo o peso corporal uma das principais razões para a vitimização. Tal autora realizou uma pesquisa com o objetivo de investigar a associação entre vitimização por bullying e índice de massa corporal (IMC) em escolares brasileiros, tendo encontrado uma associação entre IMC e bullying, de forma que tanto os estudantes abaixo do peso quanto os obesos apresentavam maior probabilidade de sofrer bullying em relação aos com o peso considerado adequado para a idade. A associação foi encontrada para ambos os sexos, sendo a curva em forma de U mais acentuada para escolares do sexo feminino (Russo, 2020).

Diferenças de gênero são importantes para entender esse fenômeno de bullying, pois tal violência é assentada em jogos de diferenças influenciados pelas normas de gênero, promovendo valores, códigos de comportamento socialmente convencionados de gênero, informando, ainda, aos adolescentes, o que é ou não aceito para cada gênero (Guimarães & Cabral, 2019). Importante apontar que, tradicionalmente, o termo sexo se refere à designação de gênero baseada na genitália externa, já o termo gênero contém a definição social independente do aspecto reprodutivo e biológico (Vaidakis, 2020). Identidade de gênero é um termo usado para se referir ao senso pessoal de ser masculino, feminino, nenhum ou uma combinação entre eles (Palmer & Clegg, 2020). De forma geral, a literatura sobre bullying aponta que os homens tendem a ser agressores mais frequentemente, enquanto as mulheres são as vítimas mais frequentes (Chocarro & Garaigordobil, 2019). E, enquanto os meninos tendem a se envolver em situações de bullying direto (agressões físicas e/ou verbais), as meninas costumam lançar mão de práticas indiretas (Guimarães & Cabral, 2019).

De acordo com Hellstrom e Beckman (2020), a adolescência é um período em que as relações de pares são muito importantes e são percebidas diversas expectativas e necessidades dos jovens para se encaixarem nas normas. Kubota (2014) também apontou que os estudantes que não atingem o padrão de beleza imposto pela sociedade são mais suscetíveis a experiências frequentes de bullying. Num estudo realizado por esse autor, por meio de revisão de literatura da pesquisa feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em parceria com o Ministério da Saúde (MS), denominada Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE) 2015, os participantes “muito magros” apresentaram indicadores de sofrimento psíquico, como uso de laxantes ou indução ao vômito, solidão frequente, insônia, consumo de álcool e drogas ilícitas, assim como sentimentos de incompreensão pelos pais ou responsáveis. Houve relatos de consumo de drogas ou fórmulas para perder peso por parte de 21,2% dos participantes da pesquisa, e, para ganhar peso, em 23,1%. Os dados de vitimização no geral costumam ser mais favoráveis aos estudantes “magros” e considerados “normais” (Kubota, 2014).

Nogueira e Albuquerque (2021) indicaram que preocupações com a aparência e insatisfações com o corpo podem refletir na saúde física e mental dos jovens. No estudo realizado por elas, 42% dos adolescentes retrataram ter sofrido algum tipo de violência por parte dos pares relacionada à aparência física, como ridicularizações, humilhações, discriminações e desrespeito. Foi encontrada uma associação estatisticamente significativa entre o Índice de Massa Corporal (IMC) e o fato de sofrer violência; enquanto 21,8% dos participantes que afirmaram ter sofrido violência se declararam com sobrepeso ou obesos, apenas 4,1% dos participantes que não sofreram violência se declararam com sobrepeso ou obesos. Foram retratados pelos participantes também sintomas depressivos, ansiogênicos e distorções da imagem corporal.

São muitos os impactos que o bullying pode ter na saúde mental dos indivíduos. Nesse sentido, o conceito de autoestima tem sido amplamente considerado como indicativo desse tipo de saúde na adolescência (Bandeira & Hutz, 2010). Autoestima é uma avaliação que o indivíduo efetua e mantém em relação a si mesmo (Bandeira & Hutz, 2010), sendo o conjunto de atitudes que cada pessoa tem sobre si mesma, o quanto gosta de si mesmo e se aprecia (Mosquera & Stobäus, 2006). O termo autoimagem, de acordo com Mosquera e Stobäus (2008), serve como base para a autoestima, uma vez que diz respeito ao conhecimento individual de si mesmo e a capacidade de desenvolver as próprias potencialidades, a percepção dos sentimentos, atitudes e ideias que se referem à dinâmica pessoal. A autoimagem, portanto, está associada ao modo de perceber a si mesmo em caráter descritivo. Mosquera e Stobäus (2008) diferenciam a autoimagem da autoestima ao considerar a primeira como um reconhecimento que as pessoas fazem de si, como sentem as próprias potencialidades, os sentimentos, as atitudes e ideias, e a segunda como o quanto elas apreciam a si mesmas, de forma emocional.

De acordo com Bandeira e Hutz (2010), um bom grau de autoestima é importante para o adolescente, pois o ajuda a acreditar e confiar nele mesmo, afetando, ainda, a forma como esse adolescente lida com o ambiente, bem como sendo um indicativo da posição que ele ocupa entre seus pares, o “status” dentro do grupo. Bandeira e Hutz (2010) fizeram um estudo com 465 adolescentes brasileiros, com o objetivo de investigar possíveis diferenças na autoestima de adolescentes envolvidos em bullying, em relação ao sexo e aos papéis de bullying. Os resultados indicaram que, em ambos os gêneros, os alvos da agressão tiveram baixa autoestima e sofreram impacto psicoemocional de forma negativa. No grupo de vítimas/agressores, os meninos apresentaram média superior de autoestima em relação às meninas. Concluiu-se que o bullying apresenta diferentes implicações na autoestima de meninas e meninos envolvidos em diferentes papéis. Brito e Oliveira (2013), por sua vez, realizaram uma investigação com 237 adolescentes brasileiros e perceberam que, quando se associou os papéis de bullying e autoestima em relação ao sexo, verificou-se que, no grupo de vítimas/agressores e agressores, o sexo masculino apresentou escores de autoestima superiores estatisticamente significativos em relação aos do sexo feminino. Já Gatto et al. (2017) fizeram uma pesquisa com objetivo de analisar o nível da autoestima de adolescentes brasileiros e verificar as possíveis associações entre a necessidade de tratamento ortodôntico e bullying. Aqueles que relataram consequências negativas sobre o bullying apresentaram chances três vezes maiores de ter autoestima muito negativa, já as chances dos adolescentes com cor da pele não branca foram quase duas vezes maiores.

Apesar da existência desses resultados de pesquisa, de acordo com Matos et al. (2020), há poucos estudos brasileiros sobre a relação entre bullying e autoestima dos envolvidos com o bullying, sendo importante uma investigação mais minuciosa dessas temáticas. Ainda, há necessidade de estudos direcionados a esclarecer o quanto a aparência física das vítimas influencia a ocorrência de violência entre pares e também de que forma a vivência de violência impacta a autoestima e a autoimagem dos estudantes considerando o gênero. Devido a isso, o presente artigo teve o objetivo de investigar retrospectivamente a ocorrência de bullying motivado por aparência física e seus impactos no bem-estar de estudantes por meio dos níveis de autoimagem e autoestima, traçando comparativo conforme o gênero dos participantes.

Método

Participantes

Uma amostra de conveniência foi composta por 107 estudantes de uma universidade pública do interior de Minas Gerais.

Instrumento

Foi utilizado o Questionário Violência entre pares na adolescência e construção de autoimagem”, construído pelas pesquisadoras para fins exclusivos de pesquisa, tendo como base a literatura da área, principalmente o instrumento “Escala sobre Experiências Escolares Traumáticas em Estudantes” (Albuquerque & Williams, 2014). O questionário usado na presente pesquisa inicialmente coleta dados demográficos, como renda (critério subjetivo a partir da percepção do participante), etnia, orientação sexual e identidade de gênero, subdividindo-se em três partes. A parte A, “Situações que já vivenciou devido a sua aparência física”, possui 39 itens e se refere a situações relacionadas a: violência física (9 itens); violência verbal (9 itens); violência relacional (atos que danificam o relacionamento entre pares, como exclusão de atividades, propagação de fofocas e mentiras) (13 itens); violência sexual (atos contra a sexualidade do indivíduo) (4 itens); violência contra o patrimônio e material (atos de quebrar, danificar materiais de pessoas propositalmente e roubar) (3 itens); e o item “outros”. Em todos os itens, as possibilidades de resposta são “Nunca”, “Uma vez”, “Poucas vezes, “Mais do que poucas vezes”, “Muitas vezes” e “O tempo todo”, seguindo o modelo de escala do tipo Likert, com seis gradações. A parte B, “Aparência física e violência”, possui 30 itens referentes aos motivos pelos quais o indivíduo acredita que vivenciou as situações de violência, havendo direta relação com a aparência física dele, tais como: uso de óculos; ser mais magro que os outros; ser mais gordo que os outros; tamanho, formato ou tipo do cabelo; e outros. Nesses itens, as possibilidades de resposta são dadas por meio da marcação do item com um “X”, sem especificar a frequência.

A Parte C, “Questionário de Autoestima e Autoimagem”, foi elaborada tendo como base o “Questionário para avaliar Autoestima e Autoimagem”, proposto por Steglich (1978) e reelaborado por Stobäus (1983), sendo um questionário padronizado com escala somativa ou aditiva. O instrumento tem 50 afirmações com cinco opções de resposta (“o tempo todo”, “muitas vezes”, “algumas vezes”, “quase nunca” e “nunca”), divididas por subaspectos orgânicos, sociais, intelectuais e emocionais da autoestima e da autoimagem. A interpretação corresponde aos subaspectos, para cada item analisado. A análise do questionário de autoestima e autoimagem tem pontuação progressiva ou regressiva, dependendo do tipo de pergunta, variando de 1 a 5 pontos por questão, sendo que, quanto mais alto for o valor numérico obtido do somatório de todas as respostas, tem-se o entendimento de ser mais positiva a autoimagem do indivíduo. Este instrumento obteve uma fidedignidade de 0,6499, por meio do índice de Cronbach, considerado satisfatório (Reis, 2010).

Convém recordar que os instrumentos foram preenchidos de forma retrospectiva, o participante respondia a partir das experiências que teve na sua vida escolar, na sua adolescência.

Procedimento de coleta e análise de dados

Inicialmente, o projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (Parecer: 2.903.379). Os resultados foram coletados no segundo semestre de 2019, sendo que a coleta durou aproximadamente um mês. A aplicação do questionário foi feita com classes inteiras de alunos, durante o horário de aula, sendo que eles podiam optar por responder ou não ao questionário. Os participantes responderam ao instrumento somente após assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

Os resultados coletados foram tabulados utilizando-se Microsoft Word e Microsoft Excel, sendo realizada também uma base de dados no programa IBM SPSS (Statistical Package for the Social Sciences). Utilizou-se estatística descritiva – porcentagens de respostas em cada item, para descrever os dados demográficos dos participantes – e, além disso, calcularam-se a média e o desvio-padrão da idade dos participantes. Estatística descritiva foi usada também para apontar a ocorrência de eventos violentos vivenciados devido à aparência física, subdividindo-os em violência física, verbal, relacional, sexual, violência contra o patrimônio e outros. O mesmo procedimento foi realizado para identificar os motivos alegados pelos participantes para sofrerem violência, bem como as frequências referentes aos itens de autoestima e autoimagem.

Uma análise com o Teste Qui-Quadrado foi executada para descobrir se existia relação significativa (associação) entre diferentes variáveis analisadas na pesquisa (como gênero e vivência de bullying), sendo que o nível de significância foi de 5% (p < .05). Para avaliar se existia diferença entre o grupo de participantes do gênero feminino e o grupo do gênero masculino no que se refere aos níveis de autoestima e autoimagem pesquisados, e também entre o grupo que vivenciou bullying e o grupo que não vivenciou bullying no que se refere aos níveis de autoestima e autoimagem, utilizou-se o Teste t de Student de amostras independentes.

Resultados

Os 107 estudantes tinham idade entre 18 e 25 anos (média de 19,8 anos – DP = 1,89), sendo a maioria pertencente à faixa etária de 18 a 19 anos (69,1%). A proporção de homens e mulheres participantes foi de 74 mulheres (69,2% da amostra) e 33 homens (30,8%). A maioria dos participantes (63,6%) se descreveu como sendo branca; 29%, parda; 6,5%, negra; e 0,9%, asiática, não havendo participantes identificados como indígenas. Em termos de renda, 43% dos participantes relataram ter sido criados em lares com renda semelhante aos outros lares; 42,1%, com renda ligeiramente melhor do que a maioria; 11,2%, muito melhor do que a maioria; e 3,7%, com renda um pouco pior do que a maioria. Neste estudo, optou-se por utilizar um critério subjetivo em relação à renda, sendo que o próprio participante respondia a partir de seus parâmetros.

Os estudantes eram regularmente matriculados em cursos de licenciatura e bacharelado em Letras (16,8%), Engenharia Química (38,3%), Fisioterapia (22,42), Biomedicina (13%) e Psicologia (9,3%) de uma universidade pública do interior de Minas Gerais. Embora a amostra tenha sido escolhida por conveniência, optou-se por selecionar cursos de áreas diversas (Humanas, Exatas e Biológicas), para diversificar a amostra. Entre os participantes, 85% afirmaram estar no primeiro período da graduação, enquanto 15% estavam no segundo período, compondo-se a amostra inteiramente de alunos pertencentes ao primeiro ano de seus respectivos cursos. Tal fator decorre da proposta de um estudo retrospectivo, no qual se buscou resgatar experiências vivenciadas no período escolar por parte dos estudantes, dando, assim, um maior grau de confiabilidade às informações obtidas.

A maioria dos participantes, 66,4%, relatou ter vivenciado bullying na adolescência, pois marcaram a ocorrência de ao menos um item do instrumento com as frequências “mais do que poucas vezes”, “muitas vezes” ou “o tempo todo”. Em relação aos tipos de violência, 54,2% da amostra revelou ter sido alvo de modo verbal; 38,3%, de violência relacional; 26,2%, de violência sexual; 21,5%, de violência física; 9,3%, de violência contra o patrimônio; e 5,6%, de cyberbullying.

Embora o gênero dos participantes não tenha influenciado no fato de ter sofrido ou não violência ( (3) = 0,706, p = 0,40), as violências mais relatadas pelo público masculino foram verbais e relacionais (ambas descritas em 48,5% dos casos), bem como a violência física (36,4%). Já para as mulheres, a violência verbal ganhou destaque (56,8%), juntamente das violências relacionais (33,8%) e sexuais (31,1%).

Os participantes foram indagados a respeito de quais aspectos físicos estariam relacionados às suas vivências de bullying. De modo geral, fatores como peso e formato corporal, formato do cabelo e gênero foram os mais relatados, como é possível observar na Tabela 1. Destacaram-se os itens “por ser mais gordo que os demais” (20,8%), “devido ao tamanho, formato ou tipo do meu cabelo” (29%), “por ser mais magro que os demais” (25,2%), “por ser menina (24,3%)” e “por causa do formato do meu corpo” (22,4%). Vale ressaltar que, quando isolado na amostra, 36,4% do público masculino disse ser alvo especialmente em razão de aspectos relacionados ao excesso ou à falta de peso corporal, enquanto o público feminino apontou gênero (35,1%) e tipo capilar (32,4%) como pretexto para a violência.

Tabela 1

Aspectos da Aparência Física Relacionados ao Bullying

Item

Frequência Masculina

(n = 33)

Frequência Feminina

(n = 74)

Frequência Total

(n = 107)

1. Por usar óculos

4 (12,1%)

16 (21,6%)

20 (18,7%)

2. Por ser mais magro que os demais

8 (24,2%)

19 (25,7%)

27 (25,2%)

3. Por ser mais gordo que os demais

12 (36,4%)

21 (28,4%)

33 (30,8%)

4. Devido ao tamanho, formato ou tipo do meu cabelo

7 (21,2%)

24 (32,4%)

31 (29%)

5. Por ter os dentes tortos

3 (9,1%)

10 (13,5%)

13 (12,1%)

6. Por usar aparelho ortodôntico

2 (6,1%)

12 (16,2%)

14 (13,1%)

7. Por ter espinhas

4 (12,1%)

13 (17,6%)

17 (15,9%)

8. Por ser estrábico

-

2 (2,7%)

2 (1,9%)

9. Devido ao tamanho ou formato das orelhas

5 (15,2%)

4 (5,4%)

9 (8,4%)

10. Por ser mais baixo que os demais

5 (15,2%)

11 (14,9%)

16 (15%)

11. Por ser mais alto que os demais

2 (6,1%)

10 (13,5%)

12 (11,2%)

12. Pela cor da minha pele

1 (3%)

9 (12,2%)

10 (9,3%)

13. Por ser menino

-

-

-

14. Por ser menina

-

26 (35,1%)

26 (24,3%)

15. Por ser mais novo que os demais

1 (3%)

6 (8,1%)

7 (6,5%)

16. Por ser mais velho que os demais

1 (3%)

2 (2,7%)

3 (2,8%)

17. Por ter algum tipo de deformação no corpo

3 (9,1%)

3 (4,1%)

6 (5,6%)

18. Por ter algum tipo de deficiência corporal

-

3 (4,1%)

3 (2,8%)

19. Por ter pelos no rosto

3 (9,1%)

9 (12,2%)

12 (11,2%)

20. Por ter pelos em excesso no corpo

4 (12,1%)

9 (12,2%)

13 (12,1%)

21. Por não ter pelos no rosto e/ou no corpo

-

-

-

22. Por causa da minha voz

3 (9,1%)

4 (5,4%)

7 (6,5%)

23. Por causa dos meus traços (características étnicas)

2 (6,1%)

11 (14,9%)

13 (12,1%)

24. Devido ao formato do meu nariz

3 (9,1%)

12 (16,2%)

15 (14%)

25. Pelas roupas que uso devido à minha religião

-

4 (5,4%)

4 (3,7%)

26. Pelos acessórios que uso devido à minha religião

-

1 (1,4%)

1 (0,9%)

27. Por causa do formato do meu corpo

5 (15,2%)

19 (25,7%)

24 (22,4%)

28. Devido ao tamanho dos meus seios

-

12 (16,2%)

12 (11,2%)

29. Devido ao tamanho do meu bumbum

1 (3%)

10 (13,5%)

11 (10,3%)

30. Por causa da espessura das minhas pernas

3 (9,1%)

14 (18,9%)

17 (15,9%)

Em relação aos níveis e às pontuações de autoimagem, a média da amostra foi de 91 pontos para autoimagem, identificada como “alta” pelo instrumento e apontada por 79,4% dos participantes, sendo que um (0,9%) apontou autoimagem “muito baixa”; 16 (15%), “baixa”; 85 (79,4%), “alta”; e cinco (4,7%), “muito alta”. Não houve diferença estatística significativa entre o gênero no que se refere aos escores de autoimagem (t (105) = 0,87, p = 0,39).

Tratando-se da autoestima, a média da amostra foi de 67 pontos, entendida como autoestima “baixa”. Em relação às frequências, 52 (48,6%) participantes foram identificados com autoestima “baixa”; 48 (44,8%), autoestima “alta”; cinco (4,7%), “muito baixa”; e dois (1,9%), “muito alta”. Não houve diferença estatística significativa entre gênero e autoestima (t (105) = 1,28, p = 0,204).

Para analisar a relação entre as variáveis “autoimagem” e “autoestima” com “vivência de bullying”, realizou-se um Teste t de amostras independentes. No que se refere à relação entre vivência de bullying e autoimagem, não houve diferença estatisticamente significativa (t (105) = 0,28, p = 0,78) entre a média de escores dos participantes que sofreram bullying (90,9) em relação aos que não sofreram (91,6). Acerca da relação entre vivência de bullying e autoestima, os participantes que sofreram bullying apresentaram uma média no escore de autoestima (64,4) inferior aos escores apresentados pelos que não sofreram bullying (72,3). Tal resultado foi estatisticamente significativo (t (105) = 3,05, p = 0,003), ou seja, o Teste t mostrou que, em média, os participantes que sofreram bullying apresentam escores inferiores aos que não sofreram.

Discussão

Pela presente pesquisa, foi possível observar que 66,4% dos participantes afirmaram ter sido alvos de bullying na adolescência. Tal frequência foi entendida como bastante superior às frequências encontradas na literatura, como é o caso da PeNSE 2015, feita com amostra de 102.301 alunos brasileiros do nono ano, em que a prevalência de bullying foi de 7,4% (Malta et al., 2019); e da pesquisa de Silva et al. (2020), com 1.402 estudantes do Ensino Médio de escolas do Recife, Brasil, em que a prevalência de vitimização por bullying foi de 8,3%. Dados de outros países também apresentaram prevalência semelhante, como a investigação feita por Ortega et al. (2016), na Colômbia, em que se constatou que 11,1% dos participantes foram vítimas de bullying, em sua maioria meninas, e os fatores de risco foram características físicas e psicológicas. Acredita-se que as diferenças dos níveis de prevalência de bullying apresentados nas diferentes pesquisas devem-se às metodologias diversas que são utilizadas para aferir o fenômeno do bullying. Por exemplo, na pesquisa de Malta et al. (2019), os dados referiram-se aos 30 dias anteriores à pesquisa, enquanto na presente pesquisa não foi demarcado um período específico, por se tratar de um estudo retrospectivo.

Em relação aos tipos de violência, os resultados revelaram que a maior parte da amostra (54,2%) apontou já ter sido alvo de violência verbal, sendo que os valores foram semelhantes entre homens e mulheres (48,5% e 56,8%, respectivamente). Além disso, 38,3% da amostra foi alvo de violência relacional (sendo 48,5% para homens e 33,8% para mulheres) e 21,5% foram vítimas de violência física (frequência de 36,4% entre homens e 14,9% entre mulheres). A literatura aponta que a violência verbal é, de fato, a mais relatada pelas vítimas, como apontam estudos como o de Santos et al. (2014), no qual tal forma de agressividade foi relatada por parte de 87,7% das vítimas. Sobre a violência relacional, vale ressaltar que esse tipo de agressão pode ser mais utilizado entre garotas do que entre garotos (Guimarães & Cabral, 2019), sendo que as meninas podem apresentar formas camufladas de expressar a violência, e os meninos podem ser movidos por processos culturais e de socialização que os encorajam a assumir posicionamentos mais violentos de forma rotineira, naturalizados pela sociedade.

Já em relação à violência sexual, 26,2% dos participantes do presente estudo relataram ter sido vítimas, sendo 15,2% entre homens e 31,1% entre mulheres. Os números, por si só, já causam certo estranhamento, por serem altos para um tipo de violência tão grave. Ao observar a diferença na frequência entre os gêneros, percebe-se que a questão do assédio e da cultura do estupro torna-se cada vez mais visível em nossa sociedade, uma vez que a maior prevalência de violência sexual no sexo feminino pode ser explicada por fatores culturais que, com o passar do tempo, condicionam as mulheres em situações de abuso e desvalorização, condição que, por vezes, torna-se transgeracional no âmbito social e familiar. Da mesma forma, registros de violência sexual entre adolescentes do sexo masculino podem aparecer em menor proporção que o feminino, como se notou na pesquisa, devido ao constrangimento, medo, estereótipos e vergonha dos pais e da sociedade (Santos et al. 2019).

Sobre os aspectos da aparência das vítimas que possam ter motivado a experiência de bullying, fatores como peso e formato corporal, formato do cabelo e gênero foram os mais relatados. Destacaram-se os itens “por ser mais gordo que os demais” (20,8%), “devido ao tamanho, formato ou tipo do meu cabelo” (29%), “por ser mais magro que os demais” (25,2%), “por ser menina (24,3%)” e “por causa do formato do meu corpo” (22,4%). Oliveira et al. (2015) indicam que a aparência física é um dos principais motivos para que um estudante torne-se vítima de bullying. Tal fator tem estreita relação com padrões sociais e culturalmente valorizados, em que as diferenças e diversidades não são toleradas. Esses autores realizaram um estudo, com o objetivo de identificar as características e os motivos associados ao bullying escolar, que contou com a participação de 109.104 estudantes brasileiros do nono ano do ensino fundamental de todo o território nacional. Tal pesquisa indicou a vivência de violência devido à aparência física ou corporal por 18,6% dos participantes, sendo que 16,2% apontaram violência motivada pela aparência do rosto e, para além, ataques relacionados à etnia ou cor da vítima foram relatados por 6,8% dos escolares avaliados. Foi apontado também um aumento das frequências de bullying entre os alunos que se sentiam “muito gordos” (19,2%) ou “muito magros” (12,1%).

Segundo Andreolli e Triches (2019), na adolescência, existe uma demanda por um “corpo ideal”, e qualquer causa que diferencie o jovem do seu grupo de amigos pode ser vivenciada como algo perturbador. Por isso, a imagem corporal também pode estar relacionada ao bullying, o qual pode gerar um impacto psicológico negativo. Com objetivo de investigar a percepção corporal dos estudantes, Santos e Silva (2021) realizaram uma pesquisa com 392 estudantes do Ensino Médio de escolas do Rio de Janeiro e perceberam que eles não estavam felizes com sua aparência física nem com seu peso e altura, acreditavam que atos de bullying estavam relacionados à aparência física, bem como apresentavam uma tendência a modificar seus corpos. É importante identificar preocupações e comportamentos dos adolescentes em relação a seu corpo, para que se possa pensar em ações interventivas promotoras de saúde, satisfação com o corpo e respeito às diferenças (Andreolli & Triches, 2019).

Tendo uma amostra composta por 35,5% dos participantes pardos ou negros, faz-se necessária uma discussão acerca da relação entre violência de gênero e preconceito racial no âmbito escolar, no qual aspectos étnicos e raciais são gatilhos para a vivência, desde o início da vida, de formas sutis ou escancaradas de segregação. Assim, 9,3% da amostra revelou sofrer violência pela cor de sua pele (sendo destes 3% do público masculino e 12,2% do público feminino) e 12,1% foram vítimas por traços e características étnicas (6,1% da amostra masculina e 14,9% da amostra feminina), podendo abranger ou não participantes negros. Malta et al. (2017) apresentaram dados da PeNSE apontando que os indicadores relativos à violência foram menos frequentes entre adolescentes brancos. Os autores indicaram que os adolescentes pretos apresentaram maior risco nos três indicadores estudados pela pesquisa (violência física, violência intrafamiliar e bullying) (Malta et al., 2017). Os adolescentes frequentemente são alvos de chamadas “provocações” por parte de colegas em relação aos aspectos étnico-raciais, que envolvem o humor como forma de discriminação, mascarando a gravidade desse tipo de violência, sendo que indivíduos que já apresentam sintomas ansiosos experimentam um aumento dessa ansiedade quando são alvo de preconceito étnico e racial na escola (Douglass et al., 2016).

Vale ressaltar que, quando isolado na amostra, 36,4% do público masculino participante da presente pesquisa indicou ter sido alvo de violência especialmente por aspectos relacionados ao excesso ou à falta de peso corporal, enquanto o público feminino apontou gênero (35,1%) e tipo capilar (32,4%) como pretexto para a violência. De acordo com Guimarães e Cabral (2019), normas de gênero são expectativas sociais normativas acerca de comportamentos de meninos e meninas, aspectos que impactam demais o cotidiano dos adolescentes no ambiente escolar, podendo influenciar o bullying (Guimarães & Cabral, 2019). Dessa forma, o bullying deve ser entendido como uma expressão da violência de gênero pautada em cenas cotidianas de assimetrias e desigualdades de poder entre homens e mulheres, estabelecidas nas relações entre pares (Guimarães & Cabral, 2019).

Em relação aos resultados obtidos sobre autoimagem e autoestima na presente pesquisa, não houve relação significativa entre a vivência de bullying e o nível de autoimagem, no entanto, houve relação estatisticamente significativa entre vivência de bullying e o nível de autoestima. Tal resultado está de acordo com o que foi apontado na pesquisa de Gatto et al. (2017), em que se observou uma relação significativa entre bullying e autoestima negativa. Percebe-se a necessidade, portanto, de considerar variáveis como a autoestima no delineamento de intervenções para o combate à violência na escola, pois deixam o aluno numa condição de vulnerabilidade.

Contudo, não foram encontradas diferenças entre autoestima nos grupos de participantes do gênero feminino e do masculino, resultado diferente do apresentado nas pesquisas de Bandeira e Hutz (2010) e de Brito e Oliveira (2013), em que se concluiu que o bullying gerava diferentes implicações na autoestima de meninas e meninos, com os meninos apresentando níveis de autoestima superiores aos apresentados pelas meninas. Na pesquisa de Silva et al. (2020), houve uma associação entre ser vítima de bullying, ser do sexo feminino e ter baixa autoestima.

Considerações Finais

A presente pesquisa demonstrou, de forma retrospectiva, a significativa incidência de violência entre pares entre os jovens brasileiros na fase da adolescência, a relação com aspectos da aparência física especialmente voltados para peso corporal e gênero, e os impactos de tais vivências na autoestima e na saúde mental dos jovens.

A violência escolar entre pares é um problema de Saúde Pública com graves consequências individuais e sociais. Como demonstrado no estudo, a grande maioria dos participantes pode ter passado por experiências de bullying que tenham impactado de forma significativa a forma como interagem com o meio e a maneira como veem a si mesmos. Quando os indivíduos têm uma autoimagem e uma autoestima mais positiva, passam a ter melhores relacionamentos interpessoais, tornando-se, ainda, pessoas mais respeitadoras das individualidades e diferenças. Tudo isso é extremamente relevante nos ambientes escolares, já que esses contextos influenciam o desenvolvimento dos sujeitos desde a infância e de forma intensa, por meio da presença de modelos e aprendizados.

Existiram limitações na pesquisa, tais como os dados coletados retrospectivamente e exclusivamente no contexto universitário de uma única universidade. Além disso, embora os resultados tenham indicado uma relação significativa entre o bullying sofrido e a autoestima, os resultados referentes à autoestima e autoimagem referem-se à construção delas ao longo da vida dos indivíduos, e não se pode afirmar que existe uma relação de causalidade entre tais variáveis e a vivência de bullying. No entanto, acredita-se que as reflexões do presente trabalho possam contribuir para a elaboração de programas de prevenção à violência de forma geral. As áreas de pesquisa voltadas à saúde e à educação, enquanto práticas sociais e políticas, devem estabelecer em seus processos de trabalho ações que potencializem a perspectiva interdisciplinar e intersetorial, buscando o enfrentamento da problemática do bullying em escolas brasileiras.

Segundo Guimarães e Cabral (2019), as escolas devem promover medidas de conscientização, prevenção e combate ao bullying, bem como a capacitação de docentes e equipes pedagógicas para promover intervenções preventivas e resolutivas, incluindo, ainda, conscientização de pais e responsáveis sobre o bullying. No trabalho com o público adolescente, a percepção da imagem corporal deve ser incluída (Russo, 2020).

Especificamente sobre as questões de gênero, os profissionais que trabalham com adolescentes devem ficar atentos às normas de gênero que podem influenciar o bullying (Hellstrom & Beckman, 2020). As intervenções devem considerar a percepção de violência de gênero na adolescência, bem como as diferenças de papéis de gênero (Chocarro & Garaigordobil, 2019). Os trabalhos de prevenção e de intervenção preferencialmente devem envolver toda a comunidade escolar e atingir também familiares, atuando tanto com alvos de bullying como com autores. São particularmente úteis atuações que vão além da psicoeducação e englobem atividades práticas e reflexivas, com o uso de mecanismos lúdicos, arte, roleplay, etc. Tais projetos devem fazer parte do cotidiano escolar, trabalhando a noção das diferenças (de gênero, de raça/etnia) como um aspecto positivo da diversidade humana.

Referências

Albuquerque, P. P. D., & Williams, L. C. D. A. (2014). Evidências de validade da escala “Student Alienation and Trauma Survey–R. Avaliação Psicológica, 13(1), 115–124. http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S1677-04712014000100014

Andreolli, A. S., & Triches, R. M. (2019). Insatisfação corporal, bullying e fatores associados em adolescentes. Ciência & Saúde, 12(3), e33077. https://doi.org/10.15448/1983-652X.2019.3.33077

Bandeira, C. M., & Hutz, C. S. (2010). As implicações do bullying na autoestima dos adolescentes. Revista Semestral da Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional, 14(1), 131–138. https://doi.org/10.1590/S1413-85572010000100014

Brito, C. C., & Oliveira, M. T. (2013). Bullying and self-esteem in adolescents from public schools. Journal de Pediatra, 89(6), 601–607. http://dx.doi.org/10.1016/j.jped.2013.04.001

Chocarro, E., & Garaigordobil, M. (2019). Bullying y cyberbullying: Diferencias de sexo en víctimas, agresores y observadores. Pensamiento Psicológico, 17(2), 57–71. https://doi.org/10.11144/Javerianacali.PPSI17-2.bcds

Douglass, S., Mirpuri, S., English, D., & Yip, T. (2016). “They were just making jokes”: Ethnic/Racial teasing and discrimination among adolescents. Cultural, Diversity & Ethnic Minority Psychology, 22(1), 69–82. https://doi.org/10.1037/cdp0000041

Gatto, R. C. J., Garbin, A. J. I., Corrente, J. E., & Garbin, C. A. S. (2017). Self-esteem level of Brazilian teenagers’ victims of bullying and its relation with the need of orthodontic treatment. Revista Gaúcha Odontologia, 65(1), 30–36. http://dx.doi.org/10.1590/1981-863720170001000053304

Guimarães, J., & Cabral, C. S. (2019). Bullying entre meninas: Tramas relacionais da construção de identidades de gênero. Cadernos de Pesquisa, 49(171), 160–179. https://doi.org/10.1590/198053145708

Hellstrom, L., & Beckman, L. (2020). Adolescents’ perception of gender differences in bullying. Scandinavian Journal of Psychology, 61, 90–96. https://doi.org/10.1111/sjop.12523

Kubota, L. C. (2014). Discriminação contra os estudantes obesos e os muito magros nas escolas brasileiras. Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. http://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/2643/1/TD_1928.pdf

Malta, D. C., Mello, F. C. M., Prado, R. R., Sá, A. C. M. G. N, Marinho, F., Pinto, I. V., Silva, M. M. A., & Silva, M. A. I. (2019). Prevalência de bullying e fatores associados em escolares brasileiros, 2015. Ciência & Saúde Coletiva, 24(4), 1359– 1368. https://doi.org/10.1590/1413-81232018244.15492017

Malta, D. C., Stopa, S. R., Santos, M. A. S., Andrade, S. S. C. A., Oliveira, M. M., Prado, R. R., & Silva, M. M. A. (2017). Fatores de risco e proteção de doenças e agravos não transmissíveis em adolescentes segundo raça/cor: Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar. Revista Brasileira de Epidemiologia, 20(2), 247–259. https://doi.org/10.1590/1980-5497201700020006

Matos, V. J. A., Silva, J. P, Santos, K. D. A., & Guimarães, V. M. A. (2020). Bullying, preconceito e autoestima: Discutindo as principais relações e distinções. Psicologia Argumento, 38(102), 647–668. http://dx.doi.org/10.7213/psicolargum.38.102.AO03

Mosquera, J. J. M., & Stobäus, C. D. (2006). Auto-imagem, auto-estima e auto-realização: Qualidade de vida na universidade. Psicologia, Saúde & Doenças, 7(1), 83–88. https://www.redalyc.org/articulo.oa?id=36270106

Mosquera, J. J. M., & Stobäus, C. D. (2008). Auto-imagem, auto-estima e auto-realização na universidade. A docência na educação superior. Sete olhares, 2, 111–128.

Nogueira, M. A., & Albuquerque, P. P. (2021). Adolescência e saúde mental: Repercussões dos padrões culturais de beleza. Psicologia Revista, 30(1), 76-101. https://doi.org/10.23925/2594-3871.2021v30i1p76-101

Oliveira, W. A., Silva, M. A. I., Mello, F. C. M., Porto, D. L., Yoshinaga, A. C. M., & Malta, D. C. (2015). Causas do bullying: Resultados da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar. Revista Latino-Americana de Enfermagem, 23(2), 275–282. https://doi.org/10.1590/0104-1169.0022.2552

Olweus, D. (1993). Bullying at school: What we know and what we can do. Blackwell Publishers.

Ortega, M. V., Lozano, J. J. M., & Tristancho, S. L. Z. (2016). Factores asociados al bullying en instituciones de educación superior. Revista Criminalidad, 58(2), 197–208. http://www.scielo.org.co/pdf/crim/v58n2/v58n2a08.pdf

Palmer, B. F., & Clegg, D. J. (2020). A Universally Accepted Definition of Gender Will Positively Impact Societal Understanding, Acceptance, and Appropriateness of Health Care. Mayo Clinic Proceedings, 95(10), 2235–2243. https://doi.org/10.1016/j.mayocp.2020.01.031

Reis, S. A. D. (2010). Imagem corporal em pacientes com transtornos alimentares: Um auxílio no tratamento através da educação física. (Monografia de Conclusão de Curso, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil). https://lume.ufrgs.br/handle/10183/27764

Russo, L. X. (2020). Associação entre vitimização por bullying e índice de massa corporal em escolares. Cadernos de Saúde Pública, 36(10), 1–12. https://doi.org/10.1590/0102-311X00182819

Santos, I. F., & Silva, M. A. C. (2021). O corpo no Ensino Médio: Uma análise da percepção corporal dos estudantes do Rio de Janeiro. Journal of Physical Education, 32, e3205. https://doi.org/10.4025/jphyseduc.v32i1.3205

Santos, J. A. D., Cabral-Xavier, A. F., Paiva, S. M., & Leite-Cavalcanti, A. (2014). Prevalência e Tipos de Bullying em Escolares Brasileiros de 13 a 17 anos. Revista de Salud Pública, 16, 173–183. https://doi.org/10.15446/rsap.v16n2.30302

Santos, M. D. J., Mascarenhas, M. D. M., Malta, D. C., Lima, C. M., & Silva, M. M. A. D. (2019). Prevalência de violência sexual e fatores associados entre estudantes do ensino fundamental – Brasil, 2015. Ciência & Saúde Coletiva, 24, 535–544. https://doi.org/10.1590/1413-81232018242.13112017

Silva, G. R. R., Lima, M. L, C., Acioli, R. M. L., & Barreira, A. K. (2020). Prevalence and factors associated with bullying: Differences between the roles of bullies and victims of bullying. Jornal de Pediatria, 96(6), 693–701. https://doi.org/10.1016/j.jped.2019.09.005

Steglich, L. A. (1978). Terceira idade, aposentadoria, auto-imagem e auto-estima. (Dissertação de Mestrado, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil).

Stobäus, C. D. (1983). Desempenho e autoestima em jogadores profissionais e amadores de futebol: Análise de uma realidade e implicações educacionais. (Dissertação de Mestrado, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil). https://www.scirp.org/(S(lz5mqp453edsnp55rrgjct55))/reference/ReferencesPapers.aspx?ReferenceID=1417799

Vaidakis, N. (2020). Conceptual controversies regarding the terms Gender and Sex. Psychiatriki, 31(3), 271–274. https://doi.org/10.22365/jpsych.2020.313.271

Recebido em: 29/10/2021

Última revisão: 27/09/2022

Aceite final: 08/11/2022

Sobre as autoras:

Paloma Pegolo de Albuquerque: Doutorado em Psicologia pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Professora adjunta do Departamento de Psicologia da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), Curso de Psicologia e Programa de Pós-Graduação em Psicologia, Uberaba, MG. E-mail: paloma.albuquerque@uftm.edu.br, Orcid: https://orcid.org/0000-0002-9318-1968

Raissa Maria Fragelli: Pós-graduanda em Atendimento Psicossocial a Vítimas de Violência pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Psicóloga clínica formada pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), Uberaba, MG. E-mail: raissa_fragelli@hotmail.com, Orcid: http://orcid.org/0000-0001-8288-0942


1 Endereço de contato: Alameda Perdiz, 366, condomínio Cyrela Landscape, Uberaba, MG. CEP: 38.070-687. Telefone: (34) 99157-0537. E-mail: paloma.albuquerque@uftm.edu.br

doi: http://dx.doi.org/10.20435/pssa.v14i4.1844