Violência no Namoro entre Adolescentes: Transmissão Intergeracional e Gênero

Dating Violence Among Adolescents: Intergenerational Transmission and Gender

Violencia en el Noviazgo entre Adolescentes: Transmisión Intergeneracional y Género

Thaís Afonso Andrade1

Centro Universitário Senai CIMATEC

Priscilla Machado Moraes

Universidade Evangélica de Goiás (UniEVANGÉLICA)

Camila Vieira Martins

Faculdade Pernambucana de Saúde (FPS)

Resumo

A violência no namoro na adolescência é um fenômeno complexo, multifatorial, considerado um problema social e de saúde pública. Objetivou-se investigar aspectos da transmissão intergeracional da violência e atravessamentos de gênero nas relações de namoro entre adolescentes. Pesquisa de natureza qualitativa realizada com seis adolescentes do gênero feminino (3) e masculino (3), entre 16 e 18 anos. Como instrumentos e técnica, destacam-se: 1) Questionário biossociodemográfico; 2) Questionário “Conhecendo as relações de namoro”; 3) Entrevista semiestruturada concretizada em dois encontros com cada adolescente. Na análise, foram discutidos processos de manutenção, transformação e mudança atrelados às repetições de comportamentos violentos vividos na família, numa perspectiva sistêmica. Nos resultados, observaram-se diferentes expressões da violência no namoro: psicológica e digital. Sugerem-se novas pesquisas, incluindo as três gerações da família, somadas às ações interventivas que proporcionem a ressignificação do fenômeno.

Palavras-chave: violência, adolescência, namoro

Abstract

Dating violence in adolescence is a complex and multifactorial phenomenon, considered a social and public health problem. It was aimed to investigate aspects of intergenerational transmission of violence and gender crossings in dating relationships among teenagers. Qualitative research, carried out with six female (3) and male (3) teenagers aged between 16 and 18 years. As instruments and techniques, the following were used: 1) Biosociodemographic questionnaire; 2) Questionnaire “Getting to know dating relationships”; 3) Semi-structured interview carried out in two meetings with each teenager. In the analysis maintenance, transformation and change processes linked to the repetition of violent behaviors experienced in the family are discussed, in a systemic perspective. In the results, different expressions of dating violence were observed: psychological and digital. Further research is suggested, including three generations of the family, in addition to interventional actions that provide a resignification of the phenomenon.

Keywords: violence, adolescence, dating

Resumen

La violencia en el noviazgo en la adolescencia es un fenómeno complejo y multifactorial, considerado un problema social y de salud pública. El objetivo fue investigar aspectos de la transmisión intergeneracional de la violencia y las travesías de género en las relaciones de noviazgo entre adolescentes. Investigación cualitativa, realizada con seis adolescentes del sexo femenino (3) y masculino (3), entre 16 y 18 años. Como instrumentos y técnicas, se destacan: 1) Cuestionario biosociodemográfico; 2) Cuestionario “Conocer las relaciones de noviazgo”; 3) Entrevista semiestructurada realizada en dos encuentros con cada adolescente. En el análisis, se discutieron procesos de mantenimiento, transformación y cambio vinculados a la repetición de comportamientos violentos vividos en la familia, en una perspectiva sistémica. En los resultados se observaron diferentes expresiones de violencia en el noviazgo: psicológica y digital. Se sugiere profundizar la investigación, incluyendo las tres generaciones de la familia, además de acciones intervencionistas que brinden una resignificación del fenómeno.

Palabras clave: violencia, adolescencia, noviazgo

Introdução

A violência no namoro entre adolescentes é um campo de estudo relativamente recente no Brasil, passando a figurar no cenário científico nacional na segunda década dos anos 2000 (Minayo et al., 2011), realidade diferente em países como Estados Unidos (Basile et al., 2020) e Canadá (Exner-Cortens et al., 2022). Além das altas taxas de perpetração/vitimização (Rey-Anacona et al., 2021; Borges et al., 2020; Veríssimo et al., 2022), consideram-se os desdobramentos que podem impactar a saúde física, mental e social do adolescente ao longo do ciclo vital (Ferreira et al., 2019; Centers for Disease Control and Prevention [CDC], 2021).

A literatura especializada aponta sinais de alerta, marcados como táticas sutis e até mesmo imperceptíveis de exercer poder e controle sobre a parceria – termo neutro utilizado neste estudo, em substituição de parceiro(a) –, relacionados à escalada da violência nas relações íntimas deste grupo etário, como: i) isolamento da família e amigos; ii) desentendimentos que resultam na quebra de objetos, iii) ciúmes exagerado e insegurança; iv) envio/recebimento excessivo de mensagens de texto e telefonemas; v) medo de fazer algo de que a parceria não gosta; vi) ser acusado pelo que não cometeu; vii) alterações de humor constantes na presença da parceria; viii) posse em relação à pessoa; e ix) explicações sem sentido para machucados. É importante observar, deste modo, se o relacionamento amoroso faz a parceria se sentir triste, assustada ou desconfortável constantemente (Associação Portuguesa de Apoio à Vítima [APAV], 2020; Ferreira et al., 2019).

Como um fenômeno humano e complexo, verifica-se no cenário científico internacional (Carrascosa et al., 2018; Espinoza-Moraga et al., 2019) e nacional (Andrade & Lima, 2018; Borges et al., 2020) o interesse na compreensão da relação entre a violência na família de origem e atravessamentos de gênero, apontados como fatores associados à violência no namoro entre adolescentes. Espinoza-Moraga et al. (2019) destacam, entretanto, que não há uma relação direta entre ser vítima ou testemunhar violência entre os pais e perpetrar e/ou sofrer violência no namoro; tais elementos não se constituem numa equação determinista de causa e efeito. Contudo, os autores apontam que os maus-tratos físicos e psicológicos na família se associam a um maior risco para envolvimentos em relações íntimas permeadas pela violência psicológica, sugerindo a necessidade de intervenções com os adolescentes e suas famílias.

A literatura publicada sob o referencial teórico sistêmico denomina de transmissão geracional, intergeracionalidade ou transgeracionalidade os ensinamentos ou a herança familiar que passam de uma geração para outra. Considera-se um fenômeno de causalidades múltiplas e não linear que se debruça na compreensão acerca das relações de aprendizagem e possíveis repetições comportamentais entre pessoas de várias gerações de uma família (Cardoso & Baptista, 2020; Falcke & Wagner, 2014).

As gerações passadas estendem para as próximas gerações modelos de padrões interacionais mediados pela violência, reproduzidos por meio da comunicação, dos papéis tradicionais de gênero socialmente estabelecidos sobre masculinidade e feminilidade, dos valores, das crenças, dos legados e das regras compartilhadas (Falcke & Wagner, 2014). Segundo Haack e Falcke (2020), possivelmente tal tendência relaciona-se à predisposição de perceber a violência como algo esperado na relação íntima. Além disso, Cardoso e Baptista (2020) ressaltam ainda o suporte familiar – práticas que remetem ao diálogo, à autonomia, à ­atenção, que tendem a fomentar o sentimento de bem-estar e segurança entre os membros da família – como importante aspecto da transmissão intergeracional a ser investigado.

Conforme Andolfi (2018), cada família tem uma história com trama complexa, composta por vínculos intergeracionais, histórias individuais, experiências compartilhadas. A sucessão de gerações fica marcada não somente pela passagem do tempo, mas também pelo senso de pertencimento:

. . . a história das gerações anteriores transmite ao longo do tempo uma série de significados e valores que atingem os mais jovens por intermédio de memórias, dos eventos, das tradições sociais e rituais de seus pais ou de seus avós, informando sobre relações e padrões de comunicação do passado (Andolfi, 2018, p. 45).

A violência familiar pode ocorrer não só como mera repetição, mas como marca identificatória, senso de pertencimento familiar, e se concretiza, por exemplo, diante de atos violentos, como bater, gritar e ameaçar, legitimados nas relações entre pais, mães e/ou cuidadores e filhos(as), aceitos como forma natural de corrigir comportamentos, resolver conflitos e até interagir cotidianamente. Nesse contexto, é comum incitarem os filhos a perpetrar atos violentos contra amigos ou colegas de classe, tomados como legítima defesa (Martínez-González et al., 2014).

Apesar da visibilidade que o fenômeno da violência no namoro entre adolescentes tem recebido no meio acadêmico no cenário nacional, parecem ser escassas as publicações advindas de investigações que buscam aprofundar aspectos da transmissão intergeracional e de gênero que podem incidir nas relações iniciais de namoro. Nesta perspectiva, objetiva-se investigar aspectos da transmissão intergeracional da violência e atravessamentos de gênero nas relações de namoro entre adolescentes. Este estudo busca subsidiar entendimentos e ações interventivas no campo da psicologia e de áreas afins, fomentando a compreensão aprofundada diante da complexidade do tema, pois tais fatores podem perpassar as repetições, a manutenção e as transformações de padrões familiares funcionais e não funcionais, atrelados às construções históricos-sociais de papéis e estereótipos tracionais de gênero transmitidos também pelas relações familiares.

Método

Trata-se de uma pesquisa de natureza qualitativa exploratória, na qual se investigaram aspectos da transmissão intergeracional da violência e atravessamentos de gênero nas relações de namoro entre adolescentes.

Participantes

Participaram seis adolescentes do gênero feminino (3) e masculino (3), entre 16 e 18 anos, que atenderam ao seguinte critério de inclusão: estar namorando ou ter namorado anteriormente. Como critério de exclusão: não residir com a parceria ou já ter vivido em união estável. A captação por novos adolescentes atendeu ao critério de saturação das entrevistas (Minayo, 2017).

Instrumentos

1) Questionário biossociodemográfico utilizado para conhecer dados pessoais dos participantes, como: idade, gênero, escolaridade, religião, configuração familiar, relações de namoro e situação geral da saúde física e mental.

2) Entrevista individual com roteiro semiestruturado acerca das relações familiares e de namoro do adolescente.

3) Questionário “Conhecendo as relações de namoro”, instrumento desenvolvido a partir da revisão sistemática de Andrade et al. (2020) e da Escala Conflict in Adolescent Dating Relationships Inventory (CADRI) (Wolfe et al., 2001). Dispõe de 24 comportamentos com resposta do tipo Sim ou Não. Após a verbalização, o participante foi convidado a expressar mais detalhadamente a resposta, exemplificando situações que já tivessem ocorrido ou que ainda ocorrem na sua relação amorosa. O instrumento foi pensado com vistas a oferecer espaço para reflexão, de forma simples, sobre diversos comportamentos abusivos que, na maioria das vezes, são naturalizados e tomados como parte integrante dos relacionamentos amorosos entre adolescentes.

Procedimento da Coleta de Dados

O preenchimento dos questionários e a realização da entrevista ocorreram em dois momentos, com duração de 1h30 cada um, de forma individual, em local reservado, em uma instituição localizada na cidade do Recife, PE, durante o mês de outubro de 2020, período acentuado da pandemia da covid-19. Desse modo, alguns cuidados como: o uso de máscara, álcool em gel e a verificação da temperatura eram cuidadosamente respeitados antes do início dos encontros. Estes foram gravados e posteriormente transcritos na íntegra, respeitando a privacidade, bem como o sigilo dos dados. Ainda que os dois instrumentos apresentem formato de autorrelato, o preenchimento ocorreu de maneira conjunta com uma das pesquisadoras, no sentido de aprofundar a temática ao possibilitar a explicação da resposta perante determinada questão.

Procedimentos de Análise de Dados e Éticos da Pesquisa

Para a análise dos dados, utilizou-se a Análise Temática de Conteúdo (Minayo, 2014). Neste sentido, a organização dos dados seguiu respeitando as fases da pré-análise, organização do material, análise e interpretação dos dados coletados baseados na teoria sistêmica da transmissão intergeracional e de gênero.

Ao participante, foram assegurados os preceitos éticos da pesquisa, segundo a Resolução n. 466/12 da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa. A investigação foi aprovada pelo Comitê de Ética da Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP), sob o número CAAE: 24624619.7.0000.5206. A participação dos adolescentes com menos de 18 anos foi concedida pelos pais mediante a assinatura do Termo de Consentimento Livre Esclarecido (TCLE). Por sua vez, os participantes também assinaram o Termo de Assentimento Livre e Esclarecido (TALE). Os documentos abrangiam informações sobre a pesquisa, além de assegurar o sigilo dos dados, a preservação da identidade da instituição e dos participantes que receberam nomes fictícios, além da possibilidade de desistência a qualquer momento, sem nenhum prejuízo ou consequência.

Resultados e Discussão

A escola, o bairro e as redes sociais foram os locais mais citados pelos participantes para encontrar uma parceria amorosa. As redes sociais mais populares para os adolescentes são o Instagram, o Facebook, a plataforma de compartilhamento de vídeos YouTube e o aplicativo de troca de mensagens WhatsApp. Identificou-se o aumento do uso da Internet, em média, oito horas por dia, principalmente por conta das aulas remotas requeridas pelo isolamento social advindo como forma de contenção da covid-19.

Quando necessitam de tratamento médico, recorrem à rede pública de saúde no próprio bairro, além de contar com acompanhamento médico anual oferecido pela instituição onde a pesquisa foi realizada. Não ocorreram relatos de atendimentos psiquiátricos ou psicológicos realizados na infância ou na ocasião da entrevista. Duas tabelas foram elaboradas para apresentação dos adolescentes participantes. A primeiro delas (Tabela 1) mostra a caracterização sociodemográfica − nome, idade, escolaridade, configuração familiar, situação de trabalho na família e religião. A segunda (Tabela 2) aponta relações de namoro e “ficar”, atuais e passadas, e a vivência de violências.

Tabela 1

Caracterização Sociodemográfica dos Adolescentes

Nome/ Idade

Escolaridade

Configuração Familiar

Situação de Trabalho na Família

Religião

Lipe

17 anos

2º E.M.*- EREM**

Avó (60 anos) e irmão (13 anos)

1 – Avó (empregada doméstica)

Evangélica

Toni

17 anos

3º E.M – EREM*

Mãe (41 anos), padrasto (39 anos) e irmão (21 anos)

3 – Mãe (babá), padrasto (tatuador) e irmão (área administrativa)

Evangélica

Mia

16 anos

2º E.M. – EREM*

Mãe (45 anos), pai (50 anos) e

irmão (19 anos)

3 – Mãe (empregada doméstica), pai (zelador) e irmão (trabalho informal)

Evangélica

Léo

18 anos

1º E.M. – EREM*

Irmã (26 anos), irmã (25 anos), irmão (24 anos), irmã (21 anos) e irmã (14 anos)

2 – Irmã (telemarketing) e irmão (ajudante de carga e descarga de mercadorias)

Evangélica

Isa

17 anos

3º E.M.

Mãe (50 anos) e irmão (25 anos)

2 – Mãe (camareira) e irmão (trabalho informal)

Sem religião

Dani

16 anos

2º E.M. – EREM*

Mãe (47 anos), irmã (13 anos) e avó (77 anos)

1 – Avó (aposentada)

Sem religião

Nota. *Ensino Médio. **Escola de Referência do Ensino Médio com turno integral.

Tabela 2

Relações de Namoro e Violência

Nome

Relacionamento anterior

Relacionamento atual

Violência no namoro

Lipe

Não teve

Namorando há três anos

– Sofreu controle das amizades e de locais frequentados

– Controle do conteúdo do celular por ambos

Toni

Namorou por oito meses

Namorando há um ano e oito meses

– Sofreu monitoramento dos contatos no WhatsApp

Mia

Ficou algumas vezes

Namorando há um ano e três meses

– Sofreu monitoramento dos contatos e do conteúdo do WhatsApp

– Controle de amizades por ambos

Léo

Ficou algumas vezes

Namorando há um ano e cinco meses

– Controle das atividades on-line por ambos

Isa

Namorou por um ano

Não está namorando

– Sofreu controle do conteúdo do celular, de locais frequentados e de amizades

Dani

Não teve relacionamento anterior

Namora há quatro anos

– Agrediu fisicamente

Controle da forma de se vestir, das amizades e de postagem nas redes sociais por ambos

A seguir, serão retratadas as categorias resultantes da análise de conteúdo: 1) Violência e suporte nas relações familiares; 2) Violência e atravessamentos de gênero nas relações de namoro; e 3) Percepção dos adolescentes sobre as consequências da violência no namoro.

Violência e Suporte nas Relações Familiares

Para Falcke e Féres-Carneiro (2011), os filhos podem ser vítimas diretas, quando sofrem a agressão dos pais, ou vítimas indiretas, quando são espectadores, o que pode ocasionar agravos na saúde, no bem-estar, além de predisposição a reproduzir e estender a violência em futuros relacionamentos afetivo-sexuais (Vian, Mosmann, & Falcke, 2018; Ferriani et al., 2019). As relações familiares dos adolescentes que participaram da pesquisa revelam vivências perpassadas por conflitos entre os seus membros. A comunicação por meio da violência sofrida nas dimensões física ou psicológica foi identificada nas relações entre o subsistema conjugal (pai e a mãe), o subsistema parental (dos pais para os filhos) e o subsistema filial (entre irmãos), ao recorrer e legitimar a violência como forma de resolução de conflitos.

O estudo de Vian et al. (2018) destaca que a violência psicológica cometida pela mãe foi a variável com maior poder preditivo de sintomas, tanto internalizantes (ansiedade, depressão, isolamento e queixas somáticas) quanto externalizantes (comportamentos agressivos e opositores) dos filhos adolescentes. Sugere-se que tal resultado possa ser assimilado pelo papel que a figura materna ainda desempenha como a principal responsável pelo cuidado com os filhos. Tal aspecto pode ser verificado em narrativas de alguns adolescentes, relacionados aos sintomas externalizantes.

A gente sempre tinha que separar e entrar na briga deles [pai e mãe]. Por muito tempo eu fiquei com isso de ver briga, isso me alterou. Eu também fiquei agressivo, me esquentava rápido na escola. Minha mãe falava: se chegar em casa apanhado, vai apanhar de novo. Assim era a educação da minha mãe. A gente apanhava de cinturão, fivela, cipó de goiabada e rapa coco. Ela já queimou meu irmão com água quente. A gente [participante e cinco irmãos] não mora mais com eles [pai e mãe] (Léo, 18 anos).

Eu e minha mãe a gente não é de conversar, não tem uma intimidade muito grande para as coisas, ela não sabe se expressar, ela grita e me xinga. Meu pai e minha mãe também não se falam. Minha mãe já brigou com a mulher do meu pai. É muita confusão (Isa, 17 anos).

Sobre o envolvimento dos responsáveis em ações voltadas ao enfrentamento da violência no namoro, uma boa parte dos adolescentes defende que a participação dos pais é positiva desde que seja em atividades exclusivas, e não em conjunto com os filhos, visto que alguns genitores não “sabem dialogar” e “acham que tudo que o filho faz é errado”. A investigação de Ferriani et al. (2019) defende a promoção e o fomento da parentalidade saudável, além da possibilidade de articulação entre saúde-escola-família com o propósito do empoderamento desses espaços como fatores de proteção às formas de violência envolvendo adolescentes.

Por outro lado, narrativas entre os participantes demonstraram que o namoro oportunizou novas experiências relacionais com a figura materna ou pessoa próxima na família, concretizadas na aproximação e abertura para o diálogo:

Antes de eu começar a namorar, eu era muito fechada com minha mãe, mas agora eu sinto que quero contar pra ela as coisas, desde quando eu contei pra ela que queria namorar . . . lá em casa não tem briga, nem palavrão eles falam e meu pai é muito amoroso comigo (Mia, 16 anos).

A minha mãe conversa muito comigo. Ela pergunta sobre a escola e sobre meu relacionamento também. Ela diz pra eu ter cuidado, pra eu me prevenir. Mas eu tenho todos os cuidados e minha namorada também. Os dois têm responsabilidade nisso (Toni, 17 anos).

A presença de interações harmoniosas e mais funcionais entre os responsáveis é percebida pelos adolescentes, favorecendo um vínculo de confiança. Assim como a vivência de violência em qualquer de suas manifestações, inclusive a de gênero, transborda para relação com os filhos e para outras interações por eles constituídas (Vian et al., 2018).

Violência e Atravessamentos de Gênero nas Relações de Namoro

Evidencia-se que, no período da adolescência, as relações de amizade e de namoro ganham relevância, e a família vai cedendo espaço para a construção de outros relacionamentos. As relações amorosas começam a ocupar um lugar privilegiado na vida desses indivíduos, sendo o namoro um período para “aprender coisas novas”. É nessa fase do ciclo do desenvolvimento que “o comportamento dos adolescentes resulta de uma interação complexa entre processos pessoais, relacionais, transgeracionais e sociais” (Diniz & Alves, 2015, p. 39).

Neste contexto, a violência de gênero pode ser compreendida como um fenômeno que se origina das relações de poder desiguais, assimétricas e hierarquizada entre gêneros. É uma violação dos direitos humanos que acomete a saúde e qualidade de vida de quem a sofre (Saffioti, 2001). Narrativas das(os) participantes demonstram que a crença no amor romântico, como “o amor é a base de tudo”, “amor cuida, amor protege”, o ciúme que resulta, na maioria das vezes, no controle sobre o vestuário, as amizades e o conteúdo postado nas redes sociais e no WhatsApp são comportamentos legitimados como “naturalizados” e prova de cuidado para com a parceria, são atravessados por questões de gênero que se referem mais aos papéis sociais construídos culturalmente em cada sociedade e que influenciam na subjetividade (Scott, 1989; Saffioti, 2001).

Tais atitudes ultrapassam as fronteiras e os limites de uma relação íntima saudável que promove o desenvolvimento e a individualidade de ambos. Neste sentido, parece que os participantes não conseguem diferenciar e significar o tratamento atencioso e saudável dos comportamentos de controle e monitoramento exercidos na parceria amorosa. Resultados semelhantes foram encontrados por Ferriani et al. (2019) em pesquisa realizada com adolescentes entre 16 e 17 anos na escola pública do interior de São Paulo.

A gente tem um problema que é em relação à roupa. Eu não deixo ele postar foto sem camisa e ele não me deixa postar foto de biquíni. Eu vejo muito cuidado dele, mas também muito ciúme. Eu não posto foto de biquíni, eu entendo o lado dele, assim como ele entendeu o meu: não deixo ele postar foto sem camisa (Dani, 16 anos).

Tem umas partes que é difícil: os ciúmes e as discussões. Ela tem muito ciúmes quando eu converso com alguma amiga. Ela vê meu celular, eu deixo ela ver, é normal. Eu também tenho a senha do celular dela (Lipe, 17 anos).

Ele tem muito ciúmes de mim. Tem uma menina conhecida que ele não gosta, aí eu também não posso ficar perto dela. Do mesmo jeito, tem uma outra menina que prefiro que ele fique longe. Ele também olha meu WhatsApp, quando a gente briga, ele pede para ver (Mia, 16 anos).

O ciúme é visto em alguns estudos (Cecchetto et al., 2016; Oliveira et al., 2016; Campeiz et al., 2020) como elemento disparador de violência nas relações íntimas de adolescentes, associado ao sentimento de posse e comportamentos de controle exercidos face a face (off-line). Trata-se da violência psicológica (Carvalhaes & Cárdenas, 2021). Ademais, é ainda mediado pela Internet (on-line), concretizado pelos dispositivos eletrônicos e recebe o nome, na literatura especializada, de violência digital (Andrade et al., 2020). Segundo Oliveira et al. (2016), o ciúme e a infidelidade – real ou suposta – foram apontados como gatilhos para conflitos no namoro, além de aspecto relevante para a justificativa de violência física exercida contra a parceria. O ciúme é valorizado socialmente como manifestação de cuidado e amor. É visto ainda como temática popularmente constante em músicas e poesias, como forma de cuidado e zelo. O ciúme pode ser compreendido como uma ameaça relacionada a uma emoção, como o medo da perda real ou imaginária da parceria, influenciada por sen­timentos, como posse, raiva, tristeza, impotência e ansiedade (Haack & Falcke, 2020) em níveis mais ou menos patológicos. Para além dessa intensa carga emocional, o ciúme está conectado às estratégias para controlar outra pessoa, legitimada e justificada na sociedade.

A bidirecionalidade ou violência mútua foi um aspecto identificado neste estudo como em outros (Rey-Anacona et al., 2021; Campeiz et al., 2020). Contudo, isso não significa afirmar que, no namoro, exista uma igualdade de gênero entre os casais em relação à violência, principalmente quando se leva em consideração o tipo de violência analisado, as motivações, as consequências e o reconhecimento ou não de comportamentos violentos. Deste modo, a bidirecionalidade não significa, necessariamente, que ambos os parceiros são igualmente violentos, levando à problematização de que muitas questões precisam ser esclarecidas e pesquisadas, especialmente na sociedade brasileira. Tal como no estudo de Carvalhaes e Cárdenas (2021), foram verificadas tensões e ambivalências nas relações de gênero diante das narrativas de situações vivenciadas cotidianamente pelos casais de namorados. As autoras destacam a necessidade de discutir os contornos contemporâneos de vivenciar relações amorosas que extrapolam os tradicionais padrões de gênero.

Percepção dos adolescentes sobre consequências da violência no namoro

A dinâmica de controle no âmbito do namoro é conhecida como violência psicológica e pode ocorrer quando um dos parceiros ou ambos fazem uso de ameaças ou prejudicam a autoestima mútua. Para o CDC (2021), ocorre por meio, por exemplo, de insultos, ameaças, constrangimento intencional em público, afastar a(o) parceira(o) da família e dos amigos, dizer o que a(o) parceira(o) vai vestir, acusar de traição.

As narrativas dos adolescentes acerca da percepção sobre consequências à violência no namoro perpassaram por aspectos relacionados ao cerceamento da liberdade e ao feminicídio (Lei n. 13.104/2015). Ademais, são destacadas sintomatologias envolvendo a ansiedade, o medo e a baixa autoestima: “Você acaba sendo controlada por outra pessoa e acaba perdendo a liberdade. Isso traz ansiedade e medo” (Isa, 17 anos); “Pode chegar até a morte numa briga. Se bater, o cara também pode ir pro presídio. A mulher pode ficar cabisbaixa e abatida” (Léo, 18 anos); “Se for violência física, a mulher sai espancada ou morta. Se for violência psicológica, talvez ela ache que não vai conseguir mais ninguém. A violência psicológica bota a pessoa pra baixo” (Mia, 16 anos); “Se ela me tratasse mal, me botasse pra trás, me arranhasse, me agredisse, acho que pesaria muito na minha mente, que a pessoa que eu amo me trata com agressividade e com insulto” (Toni, 17 anos).

De acordo com as falas das(os) adolescentes desta pesquisa e a literatura especializada, a vivência de um namoro violento pode desencadear sintomas relacionados com a depressão, a ansiedade, o abuso de álcool e outras drogas, entre outros. Assim, é vista como um problema de saúde pública, considerada uma forma prematura de violência conjugal, que apresenta consequências em curto e longo prazo para a(o) adolescente em desenvolvimento (CDC, 2021; Organização Mundial da Saúde OMS, 2015).

Considerações Finais

Percebeu-se que o controle e a vigilância identificados nas narrativas das(os) adolescentes são fatores interpretados como formas contundentes de manifestação do “amor”, provas de confiança e “cuidado” para com a parceria, mas não como perpetração da violência.

Como a violência no namoro aparenta uma perspectiva bidirecional, é importante que adolescentes, de todos os gêneros, sejam contemplados nas ações preventivas e interventivas no combate à violência com o intuito de romper um possível ciclo de repetição entre as gerações. Assim, seriam promovidas relações mais saudáveis e gratificantes, mitigando os agravos à saúde desse público. Vale ressaltar que o Brasil ainda não dispõe de políticas públicas específicas para a tratativa desta temática, que se mostra relevante e pode ser repetida nas futuras famílias a serem constituídas por eles.

Tendo em vista que a maioria dos estudos avalia a correlação entre a exposição direta e indireta da violência intrafamiliar e no namoro por meio de questionários e instrumentos autoaplicáveis quantitativos, sugere-se que sejam realizadas outras pesquisas qualitativas para abordar a temática. Ademais, a violência no namoro apresenta características que diferem da violência contra a mulher por parceiro íntimo, particularmente no que diz respeito às incidências estatísticas que destacam a mulher como vítima. Assim sendo, outros estudos, incluindo as três gerações da família, somando-se aos atravessamentos de gênero, podem contribuir com o aprofundamento da discussão sobre o fenômeno, subsidiando intervenções específicas para o público adolescente.

Apesar de reconhecer a violência em suas amplas possibilidades e complexidades, associada com a intergeracionalidade e o gênero, é fundamental admitir o não determinismo. Sugere-se que ações preventivas e interventivas sejam desenvolvidas e aplicadas aos vários contextos nos quais os adolescentes transitam: família, escola, serviços de saúde, instituições de acolhimento, comunidade e justiça. Lançar luz para o fenômeno da violência no namoro entre adolescentes e não o naturalizar parece promissor diante da construção de uma rede de prevenção e enfrentamento à violência. Essa rede pode ser formada por atores interconectados com a finalidade de, juntos, fomentar relações amorosas mais dignas e igualitárias para adolescentes de qualquer gênero, à guisa de relações íntimas promotoras de desenvolvimento saudável. Recomenda-se que as ações levem em consideração as várias expressões da violência – física, psicológica, sexual e, mais recentemente, a digital – em seus amplos desdobramentos para a saúde integral.

AGRADECIMENTO

O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001.

Referências

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Basile, K. C., Clayton, H. B., DeGue, S., Gilford, J. W., Vagi, K. J., Suarez, N. A., Zwald, M. L., & Lowry, R. (2020). Interpersonal violence victimization among high school students – youth Risk Behavior Survey, United States, 2019. MMWR Supplements69(1), 28–37. https://doi.org/10.15585/mmwr.su6901a4

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Recebido em: 10/10/2022

Última revisão: 12/05/2023

Aceite final: 26/05/2023

Sobre as autoras:

Thaís Afonso Andrade: Pós-doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Modelagem Computacional e Tecnologia Industrial do Centro Universitário SENAI CIMATEC, Salvador. Doutora e mestre em Psicologia Clínica pela Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP), Recife. Formação em Terapia Sistêmica de Indivíduo, Casal e Família pelo Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Recife. Psicóloga pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas), Belo Horizonte. E-mail: t.afonsoandrade@yahoo.com, ORCID:  https://orcid.org/0000-0002-5784-1674

Priscilla Machado Moraes: Doutora e mestre em Psicologia Clínica pela Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP), Recife. Especialista em Saúde Mental pela Faculdade de Ensino Pio Décimo, Aracajú. Psicóloga clínica pela Universidade Tiradentes (UNIT), Aracaju. Terapeuta de família pela Associação de Terapia Familiar de Goiás (ATFAGO). Coordenadora e docente do Curso de Especialização em Psicologia Clínica e da Saúde do Centro Universitário UniEVANGÉLICA, Anápolis. E-mail: priscillamoraes.contato@gmail.com, ORCID: https://orcid.org/0000-0001-6673-9623

Camila Vieira Martins: Doutora e mestre em Saúde Integral pelo Instituto de Medicina Integral Prof. Fernando Figueira (IMIP), Recife. Especialização em Teoria e Prática Junguiana pela Universidade Veiga de Almeida (UVA). Psicóloga pela Univer­sidade Católica de Pernambuco (UNICAP). Formação em Arteterapia pela Clínica POMAR/SP. Docente da graduação em Psicologia na Faculdade Pernambucana de Saúde (FPS), Recife. E-mail: mila.mvieira@gmail.com, ORCID: https://orcid.org/0000-0002-3400-0602


1 Endereço de contato: Av. Orlando Gomes, 1845, Piatã, Salvador, BA. CEP: 41650-010.

doi: http://dx.doi.org/10.20435/pssa.v15i1.2194