Orientação Espiritual e Risco de Suicídio entre Usuários de Substâncias Psicoativas em Tratamento

Spiritual Guidance and Risk of Suicide among Users of Psychoactive Substances Undergoing Treatment

Orientación Espiritual y Riesgo de Suicidio entre Usuarios de Sustancias Psicoactivas en Tratamiento

Jefferson Pereira Maciel da Cruz

Silvia Mara Carvalho Silva

Jheynny Caldeira de Souza

Jair Borges Barbosa Neto

Universidade Federal de São Carlos

Fernando José Guedes da Silva Júnior

Universidade Federal do Piauí

Angelica Martins de Souza Gonçalves

Universidade Federal de São Carlos

Resumo

Introdução: Há uma carência significativa de pesquisas que explorem simultaneamente a dinâmica envolvendo o uso de substâncias psicoativas, espiritualidade e risco de suicídio. Embora existam muitos estudos que abordem uma ou duas dessas variáveis, a análise conjunta das três é ainda bastante limitada na literatura científica. Objetivo: Comparar a relação entre orientação espiritual e ideação suicida, conforme uso de substâncias psicoativas. Métodos: Estudo transversal, analítico, com usuários de três instituições de tratamento do Sudeste. Aplicou-se questionário sociodemográfico; teste de triagem do envolvimento com álcool, tabaco e outras drogas; versão brasileira da Spirituality Self Rating Scale e Escala de Ideação Suicida de Beck. Para análise, utilizaram-se estatísticas descritivas e inferenciais. Resultados: Ao comparar-se a relação entre orientação espiritual e risco de suicídio, verificaram-se diferenças significativas para usuários de álcool e maconha, com correlação moderada. Em ambos, os maiores níveis de orientação espiritual foram detectados entre usuários abusivos, entretanto, o risco de suicídio esteve aumentado na categoria de prováveis dependentes. Conclusão: A espiritualidade é reconhecida como fator protetor para o comportamento suicida, já o uso de substâncias pode ser um fator de risco. Este estudo observou que pode haver alguma especificidade das referidas relações ao focar-se em usuários de distintas substâncias.

Palavras-chave: transtorno de ansiedade, centros de reabilitação, risco suicida, espiritualidade, usuários de drogas

Abstract

Introduction: There is a significant lack of research that simultaneously explores the dynamics involving the use of psychoactive substances, spirituality and suicide risk. Although there are many studies that address one or two of these variables, joint analysis of the three is still quite limited in the scientific literature. Aim: To compare the relationship between spiritual orientation and suicidal ideation, according to the use of psychoactive substances. Methods: Cross-sectional, analytical study, with users of three treatment institutions in the Southeast. A sociodemographic questionnaire was applied; screening test for involvement with alcohol, tobacco and other drugs; Brazilian version of the Spirituality Self Rating Scale and Beck's Suicidal Ideation Scale. For analysis, descriptive and inferential statistics were used. Results: When comparing the relationship between spiritual orientation and suicide risk, significant differences were found for alcohol and marijuana users, with a moderate correlation. In both cases, the highest levels of spiritual orientation were detected among abusive users, however, the risk of suicide was increased in the category of probable addicts. Conclusion: Spirituality is recognized as a protective factor for suicidal behavior, while substance use can be a risk factor. This study observed that there may be some specificity in these relationships when focusing on users of different substances.

Keywords: anxiety disorder, rehabilitation centers, suicidal risk, spirituality, drug users

Resumen

Introducción: Existe una importante falta de investigaciones que exploren simultáneamente las dinámicas que involucran el uso de sustancias psicoactivas, la espiritualidad y el riesgo de suicidio. Aunque existen muchos estudios que abordan una o dos de estas variables, el análisis conjunto de las tres es todavía bastante limitado en la literatura científica. Objetivo: Comparar la relación entre orientación espiritual e ideación suicida, según el consumo de sustancias psicoactivas. Métodos: Estudio transversal, analítico, con usuarios de tres instituciones de tratamiento del Sudeste. Se aplicó un cuestionario sociodemográfico; prueba de detección de alcohol, tabaco y otras drogas; versión brasileña de la Escala de Autoevaluación de Espiritualidad y de la Escala de Ideación Suicida de Beck. Para el análisis, se utilizó estadística descriptiva e inferencial. Resultados: Al comparar la relación entre orientación espiritual y riesgo de suicidio, se encontraron diferencias significativas para los consumidores de alcohol y marihuana, con una correlación moderada. En ambos casos, los mayores niveles de orientación espiritual se detectaron entre los consumidores abusivos, sin embargo, el riesgo de suicidio aumentó en la categoría de probables adictos. Conclusión: La espiritualidad es reconocida como un factor protector para la conducta suicida, mientras que el consumo de sustancias puede ser un factor de riesgo. Este estudio observó que puede haber cierta especificidad en estas relaciones cuando se centran en usuarios de diferentes sustancias.

Palabras clave: trastorno de ansiedad, centros de rehabilitación, riesgo suicidio, espiritualidad, usuarios de drogas

Introdução

O suicídio configura-se como um sério problema de saúde. Em todo o mundo, estima- se que cerca de 800 mil pessoas cometem suicídios todos os anos, ocupando posição de destaque, como a décima quinta causa de morte. Entre os anos de 2000 e 2012, o Brasil chegou a registrar 112.103 mortes por suicídio em pessoas com idade acima de 10 anos (Navarro-Gómez, 2017; Carmo; Guizardi, 2018).

O comportamento suicida define-se como ato autoinfligido com intenção de morte, variando em níveis de risco maiores ou menores, que vão da ideação à consumação. Depende de uma complexa interação de fatores individuais que abrangem situação psicossocial, sociodemográfica e do estado físico e mental (Hadzic et al., 2020).

Históricos clínicos de transtornos psiquiátricos ou abuso e dependência de substâncias psicoativas têm sido relatados como intensificadores do comportamento suicida (Cescon et al., 2018). No mundo, cerca de 5,4% da população tem enfermidades relacionadas ao uso abusivo de substâncias psicoativas (Lucchese et al., 2017; Canton, 2021). Em 2015, aproximadamente 247 milhões de pessoas consumiram substâncias psicoativas, e estima-se que 1 em cada 20 adultos de 15 a 64 anos já experimentou pelo menos uma substância psicoativa na vida. Além disso, aproximadamente 29 milhões de pessoas em todo o mundo sofrem de transtornos associados ao uso abusivo dessas substâncias (Canton, 2021).

Possíveis consequências do abuso de drogas podem ser o ponto de partida para a tentativa de suicídio, como no caso de infecção pelo vírus da imunodeficiência humana, comum entre usuários de injetáveis, o medo de enfrentar uma doença incurável e progressão de seus sintomas são gatilhos para o comportamento suicida (Lau et al., 2018).

Existe uma conexão direta entre o uso problemático de álcool e outras drogas e o comportamento suicida. Vários estudiosos apontam que o consumo excessivo de substâncias psicoativas, especialmente álcool, pode aumentar significativamente os riscos de tentativas e consumação de suicídio, especialmente entre os homens (Gonçalves et al., 2015).

Estudo brasileiro com usuários de crack em tratamento e com relato de tentativas de suicídio mostrou que a vulnerabilidade social, o primeiro contato com a substância e o tempo de uso abusivo atuam sobre sintomas depressivos e à falta de motivação para viver, que também funcionam como disparadores para o suicídio (Weiser et al., 2020).

Embora raros estudos tenham se debruçado em compreender como os riscos de suicídio variam de acordo com o tipo de substância utilizada, recente publicação sueca conduzida na população geral, mas com enfoque para usuários de opioides, sedativos/hipnóticos, alucinógenos, cannabis, anfetaminas, cocaína e dependentes de álcool, verificou que as taxas de risco para morte por suicídio são significativamente aumentadas entre usuários de quaisquer substâncias, entretanto, são ainda mais críticas entre pessoas com transtornos por uso de opioides e sedativos/hipnóticos (Crump et al., 2021).

Enquanto uso de álcool e drogas associa-se com maior risco de suicídio, a espiritualidade como força transcendente não necessariamente vinculada a uma religião pode ser mensurada pelo julgamento da importância que alguém dá à sua dimensão espiritual e as aplica em sua vida (orientação espiritual) (Gonçalves & Pillon, 2009). Tal orientação espiritual parece servir como motivação para transformação de vida, especialmente nos casos de reabilitação da dependência (Almeida et al., 2018; Kelly & Eddie, 2020; Jonhstad, 2020;). No caso do risco para suicídio, estudo canadense de amostra representativa perfilou 7 categorias de uso de substâncias psicoativas na população geral e verificou que as 3 mais problemáticas se correlacionam com níveis elevados para transtornos psiquiátricos e comportamentos suicidas. A espiritualidade, no entanto, mostrou-se mais relevante para o grupo de abstêmios (Dumais et al., 2013).

Estudo apontou que a espiritualidade desempenha um papel protetor em relação ao uso de substâncias, possivelmente devido ao sentimento de otimismo e ao suporte social proporcionados pela religião, o que promove a capacidade de interromper seu uso e atua como um fator preventivo contra o uso dessas substâncias (Mota, 2020).

Observa-se que muito comumente há estudos abordando a relação entre a espiritualidade e o consumo de substâncias, ou a relação entre a espiritualidade e risco de suicídio. Entretanto, a dinâmica da tríade “uso de substâncias psicoativas, espiritualidade e risco de suicídio” ainda é pouquíssimo explorada em âmbito científico; embora existam inúmeros estudos que abordem uma ou duas das referidas variáveis (Kelly & Eddie, 2020), há uma escassez de estudos que avaliem as três variáveis de forma concomitante, o que torna o presente estudo extremamente relevante. Ademais, são necessários novos estudos que explorem o papel da espiritualidade, visto que os resultados são controversos para certos subgrupos (Kelly & Eddie, 2020; Crump et al., 2021). Com isso, conhecer a relação entre o uso de determinada droga, o risco de suicídio e a espiritualidade no âmbito de tratamento é útil para a construção de projetos terapêuticos singulares mais potentes, considerando a complexidade do manejo e os desafios na articulação entre diferentes setores, além de servir como base para pesquisas futuras.

Neste contexto, esta pesquisa teve como objetivo comparar a relação entre orientação espiritual e ideação suicida, conforme uso de substâncias psicoativas por pessoas em tratamento para uso abusivo ou dependência.

Métodos

Delineamento do Estudo

Trata-se de um estudo observacional, transversal e analítico.

Local

Foi desenvolvido na região sudeste do Brasil, em um Centro de Atenção Psicossocial –Álcool e Drogas (CAPS-ad) e duas Comunidades Terapêuticas (CTs) para onde o referido CAPS-ad faz encaminhamentos para internações voluntárias, por contarem com profissionais de saúde.

Amostra

Todos os usuários de substâncias psicoativas das CTs foram convidados a participar do estudo, de acordo com relação fornecida pelas próprias instituições. Apesar disso, tal como ocorreu no CAPS-ad, em virtude da rotatividade, foi constituída uma amostra não probabilística com os presentes nos locais, nos momentos estabelecidos para a coleta de dados, entre junho de 2019 e outubro de 2020. Os critérios de inclusão adotados foram: ser usuário de substâncias psicoativas em tratamento; idade igual ou superior a 18 anos; ambos os sexos e o critério de exclusão foi estar intoxicado ou apresentar-se incapaz de responder às perguntas durante uma entrevista, na avaliação do pesquisador.

Aspectos éticos e Procedimentos para a Coleta de Dados

Este estudo é vinculado ao projeto temático intitulado “Validação e avaliação das propriedades psicométricas da versão brasileira da Escala de Avaliação de Risco de Suicídio de Columbia (C-SSRS)”, aprovado por Comitê de Ética em Pesquisa, parecer número 3.022.384, em conformidade com as Resoluções 466/12 e 510/16 do Conselho Nacional de Saúde, Brasil. A anuência foi manifestada pelos participantes por meio da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido em duas vias. A coleta de dados se deu por meio de entrevistas estruturadas com duração de aproximadamente 15 minutos, que ocorreram individualmente em salas disponibilizadas pelas instituições participantes.

Instrumentos de Pesquisa

O questionário aplicado consistiu de: informações sociodemográficas (local de trabalho, sexo, estado civil, orientação sexual, cor da pele, religião, com quem reside); teste de triagem do envolvimento com álcool, tabaco e outras drogas – ASSIST; Escala de Ideação Suicida – BSI e Escala de Avaliação de Espiritualidade (versão brasileira da Spirituality Self Rating Scale [SSRS]):

Teste de triagem do envolvimento com álcool, tabaco e outras substâncias (ASSIST): contém oito questões de rastreamento sobre classes de substâncias psicoativas: tabaco, álcool, maconha, cocaína, estimulantes, sedativos, inalantes, alucinógenos e opiláceos, abordando a frequência de uso na vida e nos últimos três meses. Contém questões relacionadas ao uso, preocupação a respeito disso por parte de pessoas próximas, prejuízos na execução de tarefas esperadas, tentativas malsucedidas de cessar ou reduzir o uso, sentimento de compulsão e uso por via injetável. Para o cálculo dos escores, considera-se o somatório das respostas, sendo que a faixa de 0 a 3 é indicativa de uso ocasional (para o álcool, de 0 a 10); de 4 a 26 como uso abusivo (11 a 26 para o álcool) e 27 ou mais como de provável dependência (Henrique et al., 2004).

Escala de Ideação Suicida (BSI): rastreia a presença de ideação suicida e a extensão da motivação e planejamento de um comportamento suicida; é um instrumento autoaplicável, que consiste em um conjunto de 21 que fazem a triagem sobre ideação suicida, a gravidade das ideias, planos e desejos de suicídio. Os escores variam de 0 até 38 (Beck et al., 2000; Andrade et al., 2020). Não há ponto de corte específico, nem níveis, pois pontuação diferente de 0 já indica a existência de ideação suicida e merece atenção (Cunha, 2001).

Spirituality Self Rating Scale (SSRS): instrumento de autopreenchimento composto por seis itens que avaliam aspectos da espiritualidade do indivíduo. De acordo com seu estudo de adaptação para o Brasil, mensura a orientação espiritual, definida pela importância que uma pessoa atribui à espiritualidade em sua vida. A interpretação dos resultados dá-se por comparação, a partir do somatório dos escores. Antes disso, entretanto, faz-se uma recodificação das respostas em que 5 torna-se 1; 2 torna-se 4 e assim sucessivamente. A pontuação final varia entre 6 e 30, e quanto maior o escore obtido, maior o nível de orientação espiritual (Galanter et al., 2007).

Variáveis do Estudo

Variável dependente: Risco de suicídio, características sociodemográficas e uso abusivo de substâncias.

Variável independente: Orientação espiritual.

Análise dos Dados

Os dados coletados foram registrados em planilhas do Excel e exportados para o programa estatístico IBM SPSS versão 22. A caracterização da amostra (dados sociodemográficos) foi realizada por meio de estatísticas descritivas, utilizando-se frequências percentuais e absolutas, medidas de tendência central (médias e medianas) e medidas de dispersão (mínimos e máximos).

Para proceder-se às análises inferenciais, inicialmente verificou-se a normalidade da distribuição dos dados amostrais segundo escores relativos ao uso de substâncias (ASSIST), risco para suicídio (BSI) e orientação espiritual (SSRS) através do teste Kolmogorov-Smirnov.

Para a comparação entre os grupos de usuários de substâncias, em relação às variáveis binárias, utilizou-se o teste U de Mann Whitney, e, para a análise das variáveis múltiplas, o teste de Kruskal-Wallis (kW). Estabeleceu-se o intervalo de confiança de 95% e o nível de significância de 5% para todos os testes (p ≤ 0,05).

A correlação entre as variáveis foi verificada, utilizando-se o intervalo de correlação de Spearman. Para interpretação da força de correlação, Pestana e Gageiro (2014) classificam da seguinte forma: correlação muito fraca (r≤ 0.19); correlação fraca (0.20 ≤ r ≤ 0.39); correlação moderada (0.40 ≤ r ≤ 0.69); correlação forte (0.70 ≤ r ≤ 0.89); e correlação muito forte (0.90 ≤ r ≤ 1.0).

Resultados

Participaram do estudo 97 indivíduos com idade entre 18 e 70 anos. A média de idade foi de 44 anos. A maioria dos participantes é do sexo masculino 89 (91,8%). Conforme apresentado na Tabela 1, no que se refere ao estado civil, a maioria dos participantes é solteira, 62 (63,9%), seguida dos divorciados, 21 (21,6%). No que tange à religião, a maioria afirmou ser católica, 36 (37,1%), seguida dos evangélicos, 30 (30,9%). Pretos e pardos prevaleceram como a maioria dos participantes, totalizando 50,6% da amostra. Quanto ao grau de escolaridade, 17 (17 %) dos participantes tinham o ensino médio completo, enquanto 11 (12%) possuíam o ensino superior completo.

Tabela 1

Perfil Sociodemográfico de Usuários de Substâncias Psicoativas em Processo de Reabilitação, São Paulo, 2020, N:97

Variável

N (%)

Local

Serviço 1

47(48,5)

Serviço 2

29(29,9)

Serviço 3

21(21,6)

Sexo

Masculino

89(91,8)

Feminino

8(8,2)

Estado civil

Solteiro

62(63,9)

Divorciado

21(21,6)

Casado

7(7,2)

União estável

5(5,2)

Viúvo

2(2,1)

Orientação sexual

Heterossexual

89(91,8)

Homossexual

5(5,2)

Bissexual

3(3,1)

Cor da pele

Branca

46(47,4)

Parda

31(32,0)

Preta

18(18,6)

Amarela

2(2,1)

Religião

Católica

36(37,1)

Evangélica

30(30,9)

Outra

22(22,6)

Nenhuma

9(9,3)

Com quem mora o paciente

Casa de familiares (pais, cônjuge, filhos)

64(66,0)

Sozinho(a)

23(23,7)

Outro

10(10,3)

Rastreamento do Uso de Substâncias Psicoativas

No Gráfico 1, são apresentadas as substâncias mais consumidas pelos participantes em ordem decrescente. Verificou-se que a substância mais consumida entre os entrevistados foram as bebidas alcoólicas. Além disso, no Gráfico 2, podemos verificar que, entre os entrevistados, a maioria dos participantes afirmou nunca ter feito uso de alguma droga por injeção na vida (89,6%); em contrapartida a isso, 10 (10,4 %) dos participantes afirmaram ter feito algum uso de droga por injeção na vida.

Gráfico 1

Caracterização do Perfil de Consumo de Drogas entre Usuários de Substâncias Psicoativas em Processo de Reabilitação

Gráfico, Gráfico de barrasDescrição gerada automaticamente

Gráfico 2

Caracterização do Perfil de Consumo de Drogas de Pacientes Vinculados aos Serviços em Processo de Reabilitação, São Paulo, 2020, N:97

Na Tabela 2, podemos verificar que os resultados mostram que as maiores frequências de prováveis dependentes de substâncias estão entre pessoas que relataram usar álcool, maconha e cocaína. Já os usuários abusivos são predominantemente usuários de tabaco, maconha e cocaína.

Tabela 2

Padrão do Uso de Substância de Psicoativos entre Usuários em Processo de Reabilitação, São Paulo, 2020, N:97

Variáveis

Baixo risco

Uso abusivo

Provável dependência

N (%)

N (%)

N (%)

Álcool

49(50,5)

21(21,6)

27(27,8)

Cocaína

30(30,9)

40(41,2)

27(27,8)

Maconha

39(40,2)

44(45,4)

14(14,4)

Tabaco

23(23,7)

65(67,0)

9(9,3)

Anfetamina

82(84,5)

13(13,4)

2(2,1)

Inalante

80(82,5)

15(15,5)

2(2,1)

Hipnóticos e sedativos

90(92,8)

6(6,2)

1(1,0)

Alucinógenos

86(88,7)

10(10,3)

1(1,0)

Opioides

95(97,9)

2(2,1)

0(0,0)

Importância da Espiritualidade (Orientação Espiritual)

Na tangente da importância da espiritualidade, os resultados expostos na Tabela 3 demonstram que os participantes se posicionaram de forma mais positiva diante dos aspectos de sua orientação espiritual, referindo que a espiritualidade auxilia na manutenção, estabilidade e equilíbrio da vida e que consideram ser importante dedicar tempo aos pensamentos espirituais e meditações, sem necessariamente estarem em cerimônias religiosas. Verificou-se ainda que o maior número de respostas negativas foram encontradas no que se refere à espiritualidade como norteadora da vida.

Tabela 3

Importância dos Aspectos da Espiritualidade para Usuários de Substâncias Psicoativas em Processo de Reabilitação, São Paulo, 2020, N:97

Concordo muito

Concordo

Concordo parcialmente

Discordo

Discordo totalmente

N (%)

N (%)

N (%)

N (%)

N (%)

É importante para mim passar tempo com pensamentos espirituais particulares e meditações

51(53,1)

36(37,5)

7(7,3)

2(2,1)

0(0,0)

Me esforço muito para viver minha vida de acordo com minhas crenças religiosas

37(38,5)

38(39,6)

12(12,5)

9(9,4)

0(0,0)

As orações ou os pensamentos que tenho quando estou sozinho são tão importantes para mim quanto os que teria durante cerimônias religiosas ou reuniões espirituais

46(47,9)

41(42,7)

4(4,2)

5(5,2)

0(0,0)

Eu gosto de ler sobre minha espiritualidade e/ou minha religião

36(37,5)

31(32,3)

13(13,5)

13(13,5)

3(3,1)

A espiritualidade ajuda a manter minha vida estável e equilibrada da mesma forma que a minha cidadania, amizades e sociedade o fazem

29(30,5)

44(46,3)

11(11,6)

11(11,6)

0(0,0)

Minha vida toda é baseada em minha espiritualidade

24(25,3)

35(36,8)

14(14,7)

21(22,1)

1(1,1)

Na Tabela 4, podemos verificar a comparação da relação entre orientação espiritual e ideação suicida, segundo uso de determinada droga de preferência. Verificou-se diferença entre grupos, com resultados significativos apenas para os grupos de usuários de álcool (0,045) e maconha (0,028). Em ambos os grupos, os maiores níveis de importância da espiritualidade foram detectados entre usuários abusivos, entretanto, o risco de suicídio esteve aumentado na categoria de prováveis dependentes. Verificou-se correlação moderada entre os escores totais dos instrumentos que avaliaram orientação espiritual e risco.

Tabela 4

Comparação entre Orientação Espiritual e Risco de Suicídio, Segundo uso de Determinada Substância Psicoativa por Pessoas em Processo de Reabilitação, São Paulo, 2020, N:97

Escalas de Beck de Suicídio BSI

Escala de Espiritualidade SSRS

Média±Dp

p-valor

Média±Dp

p-valor

Tabaco

0,339¹

0,240¹

Uso ocasional

1,00±1,71

24,14±4,34

Uso abusivo

4,22±7,69

24,69±3,42

Provável dependência

33,14±82,87

21,56±5,15

Álcool

0,045¹

0,085¹

Uso ocasional

1,20±1,75

24,70±3,55

Uso abusivo

3,00±7,38

25,00±3,99

Provável dependência

19,88±52,61

22,96±4,16

Maconha

0,028¹

0,724¹

Uso ocasional

1,93±4,92

24,43±3,71

Uso abusivo

4,22±7,61

24,48±3,73

Provável dependência

35,86±81,95

23,21±4,82

Cocaína

0,08¹

0,265¹

Uso ocasional

2,36±5,48

23,86±3,74

Uso abusivo

11,23±43,27

24,92±3,94

Provável dependência

5,36±7,77

23,78±3,95

Anfetamina

0,620¹

0,083¹

Uso ocasional

7,57±30,66

24,30±3,86

Uso abusivo

2,25±3,06

25,08±3,50

Provável dependência

0,00±

18,00±1,41

Inalante

0,171¹

0,047¹

Uso ocasional

7,73±31,27

24,35±3,66

Uso abusivo

1,90±1,45

25,13±3,70

Provável dependência

6,00±

15,00±2,83

Hipnóticos e sedativos

0,987¹

0,027¹

Uso ocasional

7,12±29,34

24,15±3,84

Uso abusivo

1,50±1,91

27,33±1,97

Provável dependência

±

17,00±

Alucinógenos

0,725¹

0,092¹

Uso ocasional

7,14±29,34

24,17±3,92

Uso abusivo

1,25±0,96

25,90±2,51

Provável dependência

±

17,00±

Opioides

0,484²

0,948²

Uso ocasional

6,80±28,63

24,27±3,92

Uso abusivo

4,00±

24,50±2,12

Provável dependência

Nota. ¹ Teste Kruskal-Wallis; ² Teste U Mann-Whitney.

Discussão

Verificou-se, no presente estudo, predominância de participantes do sexo masculino, pretos ou pardos, com idade média de 44 anos, solteiros ou divorciados, achados que estão em concordância a outros estudos, que também encontraram entre usuários de substâncias psicoativas em processo de reabilitação a predominância de homens (Consentino et al., 2017; Lemes et al., 2020, Oliveira et al., 2020) pretos, de meia-idade e que vivem sem parceiro fixo (De Souza et al., 2021). É importante destacar que o estado civil pode ser considerado um fator de risco para aumento do uso de substâncias psicoativas e possíveis recaídas. Uma das explicações possíveis é que a ausência de um companheiro pode levar à vivência de solidão emocional, que, por sua vez, correlaciona-se a uma gama de outros problemas, como solidão social, estilo de vida pouco saudável e doenças psiquiátricas, especialmente os transtornos de ansiedade e depressão, que também estão relacionados com risco aumentado para comportamento suicida (Corradi-Webster & Gherardi-Donato, 2016; Ortíz-Gómez et al, 2014; Rodrigues, 2018; Oliveira et al., 2020). Com isso, nessa vertente, é importante salientar que a presença de um cônjuge pode servir de suporte emocional para o enfrentamento de situações, servindo ainda como suporte emocional para o usuário de substâncias psicoativas.

Verificou-se que mais da metade dos participantes desta pesquisa não moram sozinhos e residem com familiares. Tal achado pode influenciar dubiamente a vida do usuário de substâncias psicoativas, tanto como fator de proteção à vida quanto como fator de risco. Estudos apontam a família como o primeiro contato social na vida do indivíduo, sendo responsável pela construção das crenças e hábitos do ser humano (Dos Santos Basso et al., 2021; Consentino et al., 2017; Claus et al., 2018). Entretanto, outro estudo aponta que, se os ­familiares também forem usuários de álcool e outras drogas, podem ser motivadores ou reforçadores do uso (De Souza et al., 2021). Embora, em outro contextos, a presença de familiares é fortemente associada a um fator protetor, como a formação de uma rede de apoio. No caso de usuários de substâncias psicoativas, os estudos apresentados confirmam o fato de que residir com familiares pode ser ora um fator de risco, outrora fator protetor, levando em consideração que isso será definido por meio do comportamento destes familiares, que, se por um lado tem reconhecimento pela importância do seu apoio para o processo de reabilitação e tratamento, por outro, pode se configurar como motivador para o uso de substâncias.

A idade dos participantes do presente estudo foi bastante discrepante, com extremos como 18 e 70 anos. Tal achado está em acordo com pesquisas prévias que trabalharam com pessoas vinculadas a serviços especializados para álcool e drogas e evidenciaram que a tal discrepância está associada ao tipo de substância utilizada, de forma que usuários de cocaína/crack normalmente buscam tratamento mais jovens do que aqueles consomem apenas álcool (Lopes et al., 2018).

Verificou-se, neste estudo, que a maioria dos participantes professou possuir religião católica ou evangélica e manifestou se importar com aspectos da espiritualidade para suas vidas, considerando-a como uma ferramenta para auxiliar a manutenção, a estabilidade e o equilíbrio da vida. Estudos prévios discutem que a religiosidade e a espiritualidade são capazes de influenciar os hábitos dos indivíduos, tornando-os mais saudáveis, pois cooperam para oferecer um sentido para viver. Além disso, a prática religiosa, independentemente da doutrina, é fator determinante para a formação de grupos que compartilham de uma mesma fé e estabelecem rotinas próprias, que normalmente excluem comportamentos de risco como o beber abusivo ou o consumo de outras drogas (Diniz et al., 2020; Dos Santos Fontes et al., 2019; Nantes; Grubits, 2017; De Souza et al., 2021).

Além do exposto, a religiosidade e a espiritualidade, quando exercidas por dependentes de substâncias lícitas ou ilícitas, são bastante associadas à busca pela abstinência, tornando-se potentes ferramentas para a prevenção de recaídas durante o processo de desintoxicação (Diniz et al., 2020; De Souza et al., 2021).

No presente estudo, verificou-se que as substâncias mais utilizadas foram álcool, tabaco, cocaína/crack e maconha. Tal achado está em acordo com outras pesquisas realizadas em ambientes similares, como hospitais, comunidades terapêuticas e CAPS-ad, que apontam o álcool e o tabaco como as principais substâncias consumidas pelos usuários desses serviços. A busca por tratamento, entretanto, dá-se principalmente por aqueles que sofrem com o uso pesado do álcool, cocaína/crack e maconha (Danieli et al., 2017; Hungaro et al., 2020; Lemes et al., 2020; Machado, et al., 2020). É importante frisar que as pessoas frequentemente relatam mais abertamente sobre consumir álcool e tabaco, devido ao fato de estas serem drogas lícitas.

No que se refere ao uso grave de substâncias que demandam assistência especializada, o levantamento realizado nesta investigação identificou que 10,4% dos entrevistados fizeram o uso de droga por injeção nos últimos três meses. Achado este superior ao encontrado em outro estudo, onde se verificou que 1,4% dos participantes fizeram uso experimental de cocaína por via injetável (Hungaro et al., 2020).

Identificou-se, no presente estudo, relação entre orientação espiritual e risco para suicídio apenas para usuários de álcool e maconha. No caso do álcool, é amplamente ­evidenciado no mundo científico que seu uso se relaciona à tentativa de fuga pelos indivíduos na busca de prazer momentâneo, diminuição da tensão do dia a dia, alívio da ansiedade e é até mesmo facilitador de relações sociais; mas, nos casos de uso problemático, verifica-se com frequência o consumo exacerbado ligado aos transtornos de humor e ansiedade, que, por sua vez, predispõem gravemente ao risco de suicídio. Pesquisas que discutem aspectos da espiritualidade mostram seu potencial como instrumento capaz de influenciar na minimização de sintomas depressivos, do risco de suicídio e abuso de substância (Nantes; Grubits, 2017; Celestino et al., 2021; De Moura et al., 2023).

Diante do uso de maconha, considerada a substância ilegal mais utilizada no mundo, a literatura aponta que o consumo equivale a 3,8% da população global. Esse consumo abusivo está associado a riscos relacionados à saúde que se baseiam em múltiplos fatores individuais e do contexto sociocultural, prejudicando a saúde física e mental do indivíduo, além de estar diretamente ligado a comportamento suicida. A frequência no consumo de Cannabis é apontada como responsável pelo aumento significativo do risco de suicídio, mas, quando associada à prática religiosa, a literatura aponta menor tendência desse consumo pelos indivíduos, por meio da modulação existente entre o consumo de entorpecentes e as dimensões de religiosidade por diversos grupos populacionais (Sadock; Sadock; Ruiz, 2017).

Em buscas bibliográficas direcionadas ao uso de substâncias psicoativas, a espiritualidade vem sendo cada vez mais citada como fator de influência positiva, no sentido de colaborar para o equilíbrio da vida dos consumidores. Estudo realizado com jovens brasileiros evidenciou o efeito protetivo contra o abuso de álcool, tabaco, maconha e outras drogas, relacionando-se a autocontrole e aceitação dos processos de tratamento de desintoxicação (Gomes et al., 2013). Segundo Fuchs e Henning (2014), por meio da religiosidade e da espiritualidade, o usuário de substâncias psicoativas consegue elaborar questões como autoperdão, sentimento de alívio, melhora do autocuidado, insight, incremento positivo nas relações sociais, autocontrole e autoconhecimento dos limites. Esses elementos facilitam a reabilitação e contribuem na prevenção de recaídas.

A prática espiritual é considerada também fator protetor à saúde física e mental. Uma revisão realizada recentemente evidenciou que a religiosidade e a espiritualidade são potentes ferramentas para o cuidado em saúde, pois colaboram para vidas mais saudáveis, resultando em benefícios (Mota, 2020). Estudo contatou, inclusive, que funciona como ferramentas para prevenção ao comportamento suicida (Andrade et al., 2020), visto que favorece a criação de bons vínculos afetivos, o pertencimento a um grupo ou comunidade e a ressignificação da vida (Nantes; Grubits, 2017).

Apesar do exposto, tanto para melhora dos riscos de suicídio como também para o processo de tratamento e reabilitação de pessoas usuárias de substâncias psicoativas, é necessária a compreensão de que a espiritualidade e a importância que se dá a ela depende das vivências individuais, em que todas as crenças, religiões, doutrinas e culturas devem ser respeitadas. Sendo assim, para funcionarem como ferramentas terapêuticas, precisam considerar as singularidades do indivíduo, já que podem ter efeito contrário e até mesmo influenciar negativamente o processo (Fuchs; Henning, 2014; Mota, 2020). Os principais resultados desta pesquisa reforçam a ideia exposta e sugerem que, de fato, subjetividades como a dimensão espiritual e o risco para comportamento suicida não podem necessariamente ser associados ao se considerar grupos de pessoas diferentes, que fazem uso de substâncias de tipos e padrões também distintos. Deve-se levar em consideração características individuais e particulares de cada indivíduo.

Neste sentido, a partir dos resultados desta pesquisa, abre-se a possibilidade de se pensar em repercussões mais práticas que podem ser atreladas à construção de projetos terapêuticos singulares dos usuários de álcool e maconha em contextos de assistência, como nos CAPS-ad ou Comunidades Terapêuticas. Para viabilizar essa prática, projetos terapêuticos singulares que anseiam pela mudança de comportamentos e remissão de sintomas psicopatológicos devem considerar e respeitar aspectos subjetivos dos indivíduos, como história de vida, estado de sofrimento mental, questões familiares e sociais. A partir dessa teia e das metas estabelecidas, a avaliação da orientação espiritual configura-se ao mesmo tempo como recurso para a questão do uso de substâncias (abstinência, melhora da qualidade de vida, redução do consumo) e também para melhora dos sintomas de risco de suicídio.

Nessa perspectiva, corrobora-se o estudo realizado com profissionais de saúde que avaliou a percepção desses sobre a religiosidade e a espiritualidade como terapêuticas complementares à assistência à saúde. Tal estudo revelou que esses atores reconhecem essa combinação como forma de contribuir positivamente para os tratamentos em saúde mental. Acreditam, inclusive, que é de suma importância que a temática seja debatida durante formação dos recursos humanos em saúde (Rodrigues et al., 2020).

Considerações Finais

A partir dos resultados deste estudo, que identificou relação entre orientação espiritual e risco para suicídio apenas para usuários de álcool e maconha (com correlação moderada entre tais variáveis), a reflexão feita no contexto sugere que, para usuários abusivos e prováveis dependentes das duas substâncias supramencionadas que apresentem risco para comportamento suicida, o incentivo à prática espiritual pode ser um ótimo recurso para potencializar o alcance dos objetivos vislumbrados para o processo de reabilitação e melhora de sintomas psicopatológicos.

As contribuições desta pesquisa para a prática profissional referem-se principalmente às repercussões mais práticas que podem ser atreladas à construção de projetos terapêuticos singulares dos usuários de álcool e maconha em diversos contexto de assistência, como os CAPS-ad ou Comunidades Terapêuticas. Tais projetos que anseiam pela mudança de comportamentos e remissão de sintomas psicopatológicos devem considerar aspectos subjetivos dos indivíduos, como história de vida, estado de sofrimento mental, questões familiares e sociais. A partir dessa teia e das metas estabelecidas, a avaliação da orientação espiritual configura-se ao mesmo tempo como recurso para a questão do uso de substâncias (abstinência, melhora da qualidade de vida, redução do consumo) e também para melhora dos sintomas de risco de suicídio.

Como contribuições para pesquisas futuras, podemos elencar que, uma vez conhecida a relação entre orientação espiritual e risco de suicídio para usuários de substâncias psicoativas, novas pesquisas poderão ser realizadas com vistas à criação de protocolos de intervenção que se baseiem na espiritualidade como fator protetor tanto para a redução de uso de substâncias quanto para a diminuição do risco de suicídio. Esses protocolos poderão colaborar significantemente na assistência prestada a esses usuários.

Como limitações do presente estudo, encontram-se as limitações inerentes à própria metodologia de pesquisa utilizada, uma vez que não possibilita o acompanhamento em longo prazo das relações aqui apresentadas. Novos estudos quantitativos, com maior poder de generalização dos resultados, são necessários para elucidar a relação entre espiritualidade, uso de álcool e drogas e risco de suicídio, bem como outros estudos qualitativos são incentivados para a compreensão dos mecanismos de ação e, portanto, de como esses fatores são percebidos pelo público-alvo.

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Recebido em: 11/12/2023

Última revisão: 12/06/2024

Aceite final: 14/07/2024

Sobre os autores:

Jefferson Pereira Maciel da Cruz: Mestre em Ciências da Saúde pelo Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Enfermeiro pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Consultor de Educação Continuada Corporativo do Hospital São Camilo, SP. E-mail: jeff.p.maciel@gmail.com, ORCID: https://orcid.org/0000-0002-8187-9816

Silvia Mara Carvalho Silva: Mestre em Ciências da Saúde pelo Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Enfermeira pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). E-mail: silvinha_smcs_sf@hotmail.com, ORCID: https://orcid.org/0000-0003-2847-8383

Jheynny Caldeira de Souza: [Autora para contato]. Doutoranda em Ciências da Saúde pelo Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de São Carlos [UFSCar]. Enfermeira pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Professora da Escola Técnica Estadual de Barra do Garças, MT (ETEC BG). E-mail: jheynny__sousa@hotmail.com, ORCID: https://orcid.org/0000-0001-5961-4873

Jair Borges Barbosa Neto: Doutor em Psiquiatria e Psicologia Médica pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Médico pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Professor adjunto da área de saúde mental do departamento de Medicina da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e docente do Programa de Pós-Graduação em Gestão da Clínica (PPGGC) da UFSCar. E-mail: jairbneto@ufscar.br, ORCID: https://orcid.org/0000-0003-3358-7613

Fernando José Guedes da Silva Júnior: Doutor em Enfermagem pela Universidade Federal do Piauí (UFPI). Enfermeiro pela Universidade Centro Universitário UNINOVAFAPI. Professor do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal do Piauí (UFPI), Campus Ministro Petrônio Portela, Teresina. E-mail: fernandoguedes@ufpi.edu.br, ORCID: https://orcid.org/0000-0001-5731-632X

Angelica Martins de Souza Gonçalves: Estágio pós-Doutoral em Enfermagem e doutora em Ciências pela Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP-USP). Enfermeira pela Universidade Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - USP (EERP-USP). Professora Associada do curso de Bacharelado em Enfermagem da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). E-mail: , ORCID:

doi: http://dx.doi.org/10.20435/pssa.v1i1.2670

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