Editorial

A Revista Psicologia e Saúde apresenta o Dossiê: “Diálogos entre história, psicologia e saúde”. Trata-se de uma um número temático organizado por meio da parceria entre o Programa de Pós-Graduação (Mestrado e Doutorado) em Psicologia da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB), a Rede Ibero-americana de Pesquisadores em História da Psicologia (RIPeHP) e a Sociedade Brasileira de História da Psicologia (SBHP). Recebemos contribuições inéditas de investigadores filiados a instituições argentinas e brasileiras, cujas pesquisas históricas nos fazem refletir sobre a especificidade de processos de constituição do campo psicológico em contextos diversos. Isso se dá pela discussão de problemas conceituais e de mecanismos de recepção e apropriação de teorias psicológicas, psicanalíticas, educacionais e médicas na América Latina. Assim apresentamos, neste número, nove artigos. Esses textos podem ser compreendidos em dois grandes grupos: cinco deles discutem temas do campo da Saúde Mental, Psiquiatria e Psicanálise; os quatro outros abordam as articulações da psicologia com outros campos do saber (e.g., Educação, Marketing etc.) para promoção de saúde.

O artigo Concepciones y tratamientos de las neurosis de guerra durante la Primera Guerra Mundial, de Luis César Sanfelippo, trata do debate entre Psiquiatria e Psicanálise ocorrido na primeira metade do século XX, em países europeus, sobre o caráter somático ou psíquico das neuroses de guerra, considerando o papel da sexualidade e das situações traumáticas nessas neuroses. Ainda no mesmo campo, Abordaje de la homosexualidad femenina en los tramos fundantes de la institucionalización del psicoanálisis argentino (1942-1955), de Ana Elisa Ostrovsky, Julia Marín e Viviana Alfonso, toma as epistemologias feministas como ponto de partida para apresentar os debates freudianos e pós-freudianos em torno das noções de heterossexualidade e homossexualidade feminina apropriados na Argentina, durante a década de 1940. No texto Saúde mental na Psicologia comunitária da PUC-Rio na década de 1970, Julio Cesar Cruz Collares-da-Rocha apresenta os hospitais e centros de saúde como espaços tradicionais de atuação dos psicólogos comunitários durante os anos de 1970, no Rio de Janeiro, Brasil, sendo o trabalho desses psicólogos mediado pelo diálogo com teorias de grupos operativos, da psicologia institucional, da psiquiatria preventiva e da psicologia comunitária desenvolvida nos Estados Unidos da América (EUA). Por sua vez, centrado na discussão de um período recente do campo psiquiátrico brasileiro, o artigo Movimento da reforma psiquiátrica em Goiânia, GO: trajetória histórica e implantação dos primeiros serviços substitutivos, de Débora Jerônima Arantes e Gisele Toassa, aborda diversidades regionais nos processos de implantação de serviços substitutivos em saúde mental no âmbito das reformas psiquiátricas. Iniciando o segundo grupo de contribuições voltadas para as relações entre psicologia, saúde e educação, principalmente educação especial, o artigo ¿Hacia una epidemia del autismo? Entre historias celebratorias y estudios críticos, de Maia Nahmod, analisa o diagnóstico do autismo como objeto histórico, trazendo à luz contextos culturais de interpretação e práticas sociais em torno do autismo nos séculos XX e XXI.

Os artigos O atendimento à criança excepcional no Instituto Pestalozzi de Minas Gerais (1940-1949), de Érika Lourenço, Deolinda Armani Turci, Cileia Saori Hamada de Miranda e Carolline de Souza Martins, e Clínicas de Orientação: cuidado infanto-juvenil e ­participação feminina na constituição do campo psi, de Ana Maria Jacó-Vilela, Maria Claudia Novaes Messias, Filipe Degani-Carneiro e Camilla Felix Barbosa de Oliveira, debatem as conexões entre psicologia, educação, promoção de saúde e direitos humanos ao tratar da implantação de serviços para cuidado da infância e da juventude no Brasil. Destacam-se, nesses dois artigos, contribuições sobre a história da constituição da rede de educação especial na primeira metade do século XX e discussões sobre o protagonismo da atuação feminina, entre as décadas de 1940 e 1960, na gênese da profissão de psicólogos, especialmente a atuação direcionada ao cuidado da infância no âmbito da apropriação da higiene mental. O último artigo Contribuições da Psicologia para área do marketing e do conceito de consumidor: uma perspectiva histórica, de Carmen Silvia Porto Brunialti Justo e Marina Massimi, trata da importância da psicologia científica para a construção de elaborações do marketing sobre o conceito de consumidor, comportamento do consumidor e consumo saudável. Esse artigo está ancorado em uma concepção segundo a qual se considera bem-estar, dignidade e qualidade de vida como fatores essenciais à saúde dos indivíduos e das populações. Por fim, a resenha Tempos difíceis: a produção de conhecimento em Psicologia e os conflitos humanos finaliza o número temático nos convidando a pensar se é possível “uma educação para a paz”, em que Clarice Moukachar Batista Loureiro nos ajuda a pensar que as discussões da obra Les Psychologues et les Guerres ainda são muito atuais. Atuais, pois nos propiciam a reflexão sobre a singularidade do trabalho de psicólogos durante “tempos difíceis” em que conflitos sociais se acirram.

Dessa maneira, agradecemos a todos os autores que nos encaminharam seus artigos e a todos os revisores, sem os quais, o número não teria a qualidade que nos parece ter. Estimamos que os leitores possam usufruir dos resultados recentes da História da Psicologia em suas conexões com outros campos de saber, nos permitindo ponderar sobre as condições passadas e presentes por meio das quais a Psicologia se vincula, na América Latina.

Florencia Macchioli

Universidad de Buenos Aires, Argentina

Raquel Martis de Assis

Universidade Federal de Minas Gerais, Brasil

Editoras Convidadas

Rodrigo Lopes Miranda

Editor – Revista Psicologia e Saúde

Editorial

La Revista Psicología y Salud presenta el dossier "Diálogos entre historia, psicología y salud". Se trata de un dossier en la que se asocian el Programa de Postgrado (Maestría y Doctorado) en Psicología de la Universidad Católica Don Bosco (UCDB), la Red Iberoamericana de Investigadores en Historia de la Psicología (RIPeHP) y la Sociedad Brasileña de Historia de la Psicología (SBHP). Recibimos contribuciones inéditas de investigadores afiliados a instituciones argentinas y brasileñas, cuyas investigaciones históricas nos permiten reflexionar acerca de la especificidad de los procesos de constitución del campo psicológico en contextos diversos. Esto se genera a partir de la discusión de problemas conceptuales y de mecanismos de recepción y apropiación de teorías psicológicas, psicoanalíticas, educativas y médicas en América Latina. En este volumen presentamos nueve artículos. Estos textos pueden ser comprendidos en dos grandes grupos: cinco de ellos discuten temas del campo de la Salud Mental, Psiquiatría y Psicoanálisis; los otros cuatro abordan las articulaciones de la psicología con otros campos del saber (por ejemplo, educación, marketing, etc.) para la promoción de la salud.

El trabajo “Concepciones y tratamientos de las neurosis de combate durante la Primera Guerra Mundial” de Luis César Sanfelippo, aborda el debate entre Psiquiatría y Psicoanálisis en la primera mitad del siglo XX en países europeos, al centrarse en el carácter somático o psíquico de las neurosis de la guerra, a la vez que considera el papel de la sexualidad y de las situaciones traumáticas en dicha nosografía. En el mismo campo, “Abordaje de la homosexualidad femenina en los tramos fundantes de la institucionalización del psicoanálisis argentino (1942-1955)”, de Ana Elisa Ostrovsky, Julia Marín e Viviana Alfonso, sitúa las epistemologías feministas como punto de partida para presentar los debates freudianos y post-freudianos en torno a la heterosexualidad y homosexualidad femeninas en la Argentina durante la década de 1940. En el texto “Salud mental en la Psicología comunitaria de la PUC-Rio en la década de 1970”, de Julio Cesar Cruz Collares da Rocha presenta los hospitales y centros de salud como espacios tradicionales de actuación de los psicólogos comunitarios durante los años setenta en Río de Janeiro / Brasil, siendo el trabajo de estos psicólogos mediado por la teoría de grupos operativos, de la psicología institucional, de la psiquiatría preventiva y de la psicología comunitaria desarrollada en Estados Unidos. Por su parte, centrado en la discusión de un período reciente del campo psiquiátrico brasileño, el artículo “Movimiento de la reforma psiquiátrica en Goiânia -GO: trayectoria histórica e implantación de los primeros servicios sustitutivos”, de Débora Jerónima Arantes y Gisele Toassa, aborda diversidades regionales en los procesos de implantación de servicios sustitutivos en salud mental en el marco de las reformas psiquiátricas.

El segundo grupo de contribuciones se encuentran dirigidas a las relaciones entre psicología, salud y educación, principalmente educación especial. El trabajo “¿Hacia una epidemia del autismo? Entre historias celebratorias y estudios críticos”, de Maia Nahmod, analiza el diagnóstico del autismo como objeto histórico desde los contextos culturales de interpretación y prácticas sociales en torno al autismo en los siglos XX y XXI. Los artículos “La atención al niño excepcional en el instituto Pestalozzi de Minas Gerais (1940-1949)”, de Érika Lourenço, Deolinda Armani Turci, Cileia Saori Hamada de Miranda e Carolline de Souza Martins, y “Clínicas de Orientación: cuidado infanto-juvenil y participación femenina en la constitución del campo psi”, de Ana Maria Jacó-Vilela, Maria Claudia Novaes Messias, Filipe Degani-Carneiro e Camilla Felix Barbosa de Oliveira, permiten debatir las conexiones entre psicología, educación, promoción de la salud y derechos humanos al abordar la implantación de servicios para el cuidado de la niñez y la juventud en Brasil. Se destacan en estos dos escritos, contribuciones sobre la historia de la constitución de la red de educación especial en la primera mitad del siglo XX y discusiones sobre el protagonismo de la actuación femenina entre las décadas de 1940 y 1960, en la génesis de la profesión de los psicólogos, especialmente la dirigida al cuidado de la niñez en el ámbito de la higiene mental. El último artículo “Contribuciones de la Psicología para el Marketing, la construcción del concepto de consumidor y de consumo saludable: una perspectiva histórica”, de Carmen Silvia Porto Brunialti Justo e Marina Massimi, plantea la importancia de la psicología científica en la construcción de nociones del marketing sobre el concepto de consumidor, comportamento del consumidor y consumo saludable. Dicho escrito parte de una concepción que considera el bienestar, la dignidad y la calidad de vida como factores esenciales para la salud de los individuos y de las poblaciones. Finalmente, una reseña cierra el número temático invitándonos a pensar si es posible "una educación para la paz", en la que Clarice Moukachar Batista Loureiro, al centrarse en la obra “Les Psychologues et les Guerres”, plantea debates sumamente actuales que propician la reflexión sobre la singularidad del trabajo de los psicólogos durante "tiempos difíciles", en los que los conflictos sociales se agravan.

De esta manera, agradecemos a todos los autores que contribuyeron con sus artículos, así como a los revisores, sin los cuales el número no tendría la calidad que posee. Esperamos que los lectores puedan disfrutar de los resultados recientes de la Historia de la Psicología en sus conexiones con otros campos de saber, permitiendo reflexionar sobre las condiciones pasadas y presentes por medio de las cuales la Psicología se vincula en América Latina.

Florencia Macchioli

Universidad de Buenos Aires, Argentina

Raquel Martis de Assis

Universidade Federal de Minas Gerais, Brasil

Editoras Invitadas

Rodrigo Lopes Miranda

Editor – Revista Psicologia e Saúde