Sentidos Atribuídos à Satisfação Sexual por Trabalhadoras do Sexo

Autores

DOI:

https://doi.org/10.20435/pssa.v14i2.1575

Palavras-chave:

Trabalhadoras sexuais, Sexualidade, Saúde sexual, Subjetividade, Fenomenologia

Resumo

Objetivou-se compreender os sentidos atribuídos à satisfação sexual por mulheres que vivenciam o trabalho sexual. Trata-se de um estudo qualitativo, fundamentado nas abordagens fenomenológicas de Sartre e Heidegger. Foi realizado com 30 trabalhadoras sexuais da região do Alto Sertão Produtivo Baiano. Evidenciou-se que as mulheres têm os sentidos sobre satisfação sexual estruturados na dimensão financeira em interface à autoestima e ao ato sexual, explicadas a partir das experiências aprendidas, enquanto são/estão inseridas no serviço sexual. Esses sentidos revelam que o prazer em conexão ao dinheiro é a sobrevivência e subsistência. Já o orgasmo propriamente dito remete à autoestima e às emoções sentidas por quem nutre afeto. Essas nuances mostram que o serviço sexual é, além de ofício, o contexto que permite a elas ser/estar em um espaço com possibilidades de vivências multifacetadas, como a liberdade sexual, em uma temporalidade que é reflexo de subjetividades que extrapolam o determinismo natural.

Biografia do Autor

Pablo Luiz Santos Couto, Centro Universitário FG (UNIFG)

Mestre em Enfermagem pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Enfermeiro pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Professor assistente do Colegiado de Enfermagem do Centro Universitário FG (UNIFG).

Samantha Souza da Costa Pereira, Centro Universitário FG (UNIFG)

Mestra em Saúde Coletiva pela Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS).  Enfermeira pela UEFS. Professora assistente do Colegiado de Enfermagem do Centro Universitário FG (UNIFG).

Carle Porcino , Universidade Federal da Bahia (UFBA)

Doutoranda em Enfermagem e Saúde na Universidade Federal da Bahia (UFBA). Mestra em Estudos Interdisciplinares pela UFBA. Psicóloga pela Faculdade de Tecnologia e Ciências (FTC).  

Dejeane de Oliveira Silva , Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC)

Doutora em Enfermagem e Saúde pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Enfermeira pela Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC). Professora adjunta do Colegiado de Enfermagem da UESC.

Alba Benemérita Alves Vilela , Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB)

Doutora em Enfermagem pela Universidade Federal do Ceará (UFCE). Enfermeira pela Universidade Federal de Sergipe (UFS). Professora plena do Curso de Enfermagem e do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem e Saúde da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB).

Referências

Amorim, T. V., Souza, Í. E. O., Salimena, A. M. O., Queiroz, A. B. A., Moura, M. A. V., & Melo, M. C. S. C. (2018). Risco reprodutivo em gestantes portadoras de cardiopatia: O mundo vivido direcionando o cuidado em saúde. Texto & Contexto - Enfermagem, 27(2), e3860016. https://doi.org/10.1590/0104-070720180003860016

Broqua, C., & Deschamps, C. (2014). Transactions sexuelles et imbrication des rapports de pouvoir. In C. Broqua, & C. Deschamps (Eds.), L’échange économico-sexuel (pp. 45-66). Éditions EHESS.

Beauvoir, S. (2016). O Segundo Sexo: A experiência vivida (Lobo, A. Trad.). Nova Fronteira.

Benevides, R. F. C., & Boris, G. D. J. B. (2020). A experiência vivida de mulheres na conjugalidade contemporânea: Uma perspectiva fenomenológico-existencial. Revista da Abordagem Gestáltica, 26(1), 13-25. https://dx.doi.org/10.18065/RAG.2020v26n1.2

Carter, A., Greene, S., Money, D., Sanchez, M., Webster, K., Nicholson, V., Brotto, L. A., Hankins, C., Kestler, M., Pick, N., Salters, K., Proulx-Boucher, K., O’Brien, N., Patterson, S., Pokomandy, A., Loutfy, M., & Kaida, A. (2018). Supporting the Sexual Rights of Women Living with HIV: A Critical Analysis of Sexual Satisfaction and Pleasure Across Five Relationship Types. The Journal of Sex Research, 55(9), 1134-1154. https://doi.org/10.1080/00224499.2018.1440370

Castro, F. G., & Ehrlich, I. F. (2016). Introdução à psicanálise existencial: Existencialismo, fenomenologia e projeto de ser. Juruá.

Couto, P. L. S., Montalvão, B. P. C., Vieira, A. R. S., Vilela, A. B. A., Marques, S. C., Gomes, A. M. T., Santos, N. R., & França, L. C. M. (2020). Social representations of female sex workers about their sexuality. Investigación y Educación en Enfermería, 38(1), e03. https://doi.org/10.17533/udea.iee.v38n1e03

Cruz, N. L., Ferreira, C. L., Martins, L., & Souza, M. (2016). O cuidado com a saúde das mulheres profissionais do sexo: Uma revisão narrativa. Disciplinarum Scientia, 17(3), 339-352. https://periodicos.ufn.edu.br/index.php/disciplinarumS/article/view/2137/1929

Foley, E. E. (2017). Regulating sex work: Subjectivity and stigma in Senegal. Culture, Health & Sexuality, 19(1), 50-63. http://dx.doi.org/10.1080/13691058.2016.1190463

Foucault, M. (2014). História da sexualidade, 2: O uso dos prazeres (5ª ed., M. T. C. Albquerque, Trad.). Edições Paz e Terra. (Obra originalmente publicada em 1984).

França, M. (2017). Práticas e sentidos da aprendizagem na prostituição. Horizontes Antropológicos, 23(47), 325-349. http://dx.doi.org/10.1590/s0104-71832017000100011

Giacomello, K. J., & Melo, L. L. (2019). The meaning of the care of hospitalized children: Experiences of nursing professionals. Revista Brasileira de Enfermagem, 72(Suppl 3), 251-258. http://dx.doi.org/10.1590/0034-7167-2018-0597

Heidegger M. (2012). Ser e tempo. Editora da Unicamp/Vozes.

Hirata, H. (2014). Gênero, classe e raça: Interserccionalidade e consubstancialidade das relações sociais. Tempo social: Revista de Sociologia da USP, 26(1), 61-73.https://doi.org/10.1590/S0103-20702014000100005

Karamouzian, M., Foroozanfar, Z., Ahmadi, A., Haghdoost, A. A., Vogel, A., & Zolala, A. (2016). How sex work becomes an option: Experiences of female sex workers in Kerman, Iran. Culture Health & Sexuality, 18(1), 58-70. https://doi.org/10.1080/13691058.2015.1059487

Leal, C. B. M., Souza, D. A., & Rios, M. A. (2017). Aspectos de vida e saúde das profissionais do sexo. Revista de Enfermagem UFPE, 11(11), 4483-4491. https://periodicos.ufpe.br/revistas/revistaenfermagem/article/view/22865/24743

Leite, G. S., Murray, L., & Lenz, F. (2015). O par e o ímpar: O potencial de gestão de risco para a prevenção de DST/HIV/AIDS em contextos de prostituição. Revista Brasileira de Epidemiologia, 18(Suppl 1), 7-25. https://doi.org/10.1590/1809-4503201500050003

Munhoz. I., & Marta, T. N. (2014). Direito dos profissionais do sexo em Brasil: Análise sobre o projeto de lei 4211 de 2012. Revista Prolegómenos, 17(33), 143-158. Recuperado de https://www.redalyc.org/pdf/876/87631486010.pdf

Nascimento, S. S., & Garcia, L. G. (2015). Nas armadilhas do desejo: Privações e movimentos de jovens prostitutas em zonas rurais. Caderno CRH, 28(74), 383-396. http://dx.doi.org/10.1590/S0103-497920150002000100

Pasini, E. (2015). Limites simbólicos corporais na prostituição feminina. Cadernos Pagu, 14, 181-200. https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/cadpagu/article/view/8635351

Prada, M. (2018). Puta Feminista. São Paulo: Veneta.

Reis, T. G. O., Penha, J. C., Neri, E. A. R., Luz, G. O. A., & Aquino, P. S. (2014). Educação em saúde com prostitutas: Uma experiência de educação aos pares. Revista de Enfermagem UFPI, 3(3), 46–52. http://www.ojs.ufpi.br/index.php/reufpi/article/view/1740/pdf

Sartre, J. P. (2015). O ser e o nada: Ensaio de ontologia fenomenológica. Vozes.

Sartre, J. P. (2016). O existencialismo é um humanismo. Vozes.

Schran, L. S., Machineski, G. G., Rizzotto, M. L. F., & Caldeira, S. (2019). Percepção da equipe multidisciplinar sobre a estrutura dos serviços de saúde mental: Estudo fenomenológico. Revista Gaúcha de Enfermagem, 40, e20180151. https://dx.doi.org/10.1590/1983-1447.2019.20180151

Silva, K. A. T., Borges, G. F., Mafra, F. L. N., & Cappelle, M. C. A. (2013). Ser prostituta: O sentido do trabalho moralmente inaceitável. Revista Eletrônica de Gestão Organizacional, 11(2), 215–246. https://periodicos.ufpe.br/revistas/gestaoorg/article/view/21885/18410

Souza, M. A., Cabeça, L. P. F., & Melo, L. L. (2018). Pesquisa em enfermagem sustentada no referencial fenomenológico de Martin Heidegger: Subsídios para o cuidado. Avances en Enfermería, 36(2), 230-237. https://dx.doi.org/10.15446/av.enferm.v36n2.67179

Thng C., Blackledge, E., Mclver, R., Watchirs, S. L., & McNulty, A. (2018). Private sex workers’ engagement with sexual health services: an online survey. Sexual Health, 15(1), 93–5. https://doi.org/10.1071/SH16243

Villela, W. V., & Monteiro, S. (2015). Gênero, estigma e saúde: Reflexões a partir da prostituição, do aborto e do HIV/aids entre mulheres. Epidemiologia e Serviços de Saúde, 24(3), 531–540. https://doi.org/10.5123/S1679-49742015000300019

Vinuto, J. (2014). A amostragem em bola de neve na pesquisa qualitativa: Um debate em aberto. Temáticas, 22(44), 201–218. https://doi.org/10.20396/temáticas.v22i44.10977

Downloads

Publicado

2022-09-06

Como Citar

Couto, P. L. S., Pereira, S. S. da C., Porcino , C. ., Silva , D. de O., & Vilela , A. B. A. (2022). Sentidos Atribuídos à Satisfação Sexual por Trabalhadoras do Sexo. Revista Psicologia E Saúde, 14(2), 191–204. https://doi.org/10.20435/pssa.v14i2.1575

Edição

Seção

Artigos