Editorial
DOI:
https://doi.org/10.20435/pssa.v6i2.364Resumo
Nas letras do – já – saudoso poeta Manoel de Barros (o trovador faleceu há dois dias enquanto este editorial era redigido) vislumbramos o valor da palavra publicada: “a poesia está guardada nas palavras — é tudo que eu sei; meu fado é o de não saber quase tudo”. Pois não é em outro espaço, senão o da palavra, que a ciência irá sedimentar sua condição de produtora de um discurso sobre aquilo que nominamos de verdade. Uma verdade que comparece (e se constrói) desde uma rede discursiva que, na sua articulação complexa e dinâmica, determina formas de viver. Nesta edição da Revista Psicologia e Saúde (Revista PSSA) publicamos artigos que discutem questões sobre práticas discursivas que são determinantes para as ações em Psicologia e, por conseguinte, para formas de viver. Lembramos que a Psicologia, aqui, deve ser compreendida em uma dupla dimensão: por um lado, como profissão, o que vai nos endereçar para o protagonismo crítico de uma posição de práticos, de intérpretes, e que deve ser balizada pela reflexão ética; por outro, como ciência, o que nos aponta para o campo necessário de uma prática que é constituída pelo exercício da investigação epistemológica. Nestes dois sentidos, os artigos desta edição situam-se nestes dois espaços: o da reflexão e crítica conceitual e o da discussão e apresentação de práticas específicas. A Revista PSSA segue no seu intento que é o diálogo da ciência com a sociedade, com a cultura e com a saúde, conforme já grafamos em nosso primeiro editorial. Para isto, nada melhor do que uma série diversificada (na sua extensão), mas unificada (na sua intenção) de artigos qualificados e tendo como índice a saúde, ela mesma, nas suas diferentes variações e configurações. É pela palavra que conhecemos, que estudamos e que publicamos nossos pensamentos e investigações. Eis aí uma perspectiva tecnicista. Mas também é por ela mesma que criamos, que inventamos e que damos sentidos à existência e ao existir. É, pois, na palavra pronunciada e no verbo materializado, que a Psicologia se faz existir. Eis aí uma perspectiva poética, mas também política. Para encerrar este editorial e, também, como homenagem àquele que fez das palavras fonte para o que denominamos de produção de saúde, ficamos com Manoel de Barros: sabemos nós que poesia mexe com palavras e não com paisagens. Por isso não sou poeta pantaneiro, nem ecológico. Meu trabalho é verbal. Eu tenho o desejo, portanto, de mudar a feição da natureza, pelo encantamento verbal.”Downloads
Publicado
2014-11-19
Como Citar
Pelliccioli, E. (2014). Editorial. Revista Psicologia E Saúde, 6(2). https://doi.org/10.20435/pssa.v6i2.364
Edição
Seção
Editorial
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