Desnaturalizando a Oferta-Demanda na Descentralização da Testagem e do Aconselhamento em HIV/Aids na APS
DOI:
https://doi.org/10.20435/pssa.v15i1.2015Palavras-chave:
aconselhamento, testes rápidos, Atenção Primária à Saúde, HIV, aidsResumo
A oferta do aconselhamento e do teste rápido para HIV/aids e outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) constitui-se como componente da prevenção combinada, no âmbito da Atenção Primária à Saúde (APS). O objetivo deste estudo foi analisar os modos de oferta e demanda do teste rápido e aconselhamento em duas Unidades Básicas de Saúde (UBS) de um município da região sudeste do Paraná. Orientando-se pelo viés da análise institucional, realizou-se, em 2018, entrevista com a coordenadora do setor de epidemiologia e observações em duas UBS com Equipes de Saúde da Família (EqSF). Os analisadores emergentes nos resultados evidenciam semelhanças e diferenças nas ofertas das UBS, abrindo três linhas de análise. A primeira destaca a produção do dispositivo comparativo como efeito de desnaturalização; a segunda coloca em discussão a relação entre produção da oferta e da demanda que perpassa as ações em HIV/aids; a terceira evidencia as tensões entre os modelos de APS. Ressalta-se o quanto os diferentes arranjos podem tanto restringir como ampliar o acesso da população às ações desenvolvidas.
Referências
Agostini, R. (2021). E AIDS lá é coisa de família?: (Re)configurações da assistência às pessoas vivendo com HIV a partir da Estratégia Saúde da Família na cidade do Rio de Janeiro (Publicação n. 354492139) [Tese de Doutorado, Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira, Fundação Oswaldo Cruz].
Alencar, T. M. D., Nemes, M. I. B., & Velloso, M. A. (2008). Transformações da “AIDS aguda” para a “AIDS crônica”: Percepção corporal e intervenções cirúrgicas entre pessoas vivendo com HIV e AIDS. Ciência & Saúde Coletiva, 13(6), 1841–1849. https://doi.org/10.1590/S1413-81232008000600019
Barbosa, T. L. A., Gomes, L. M. X., Holzmann, A. P. F., Paula, A. M. B., & Haikal, D. S. (2015). Aconselhamento em doenças sexualmente transmissíveis na atenção primária: Percepção e prática profissional. Acta Paulista de Enfermagem, 28(6), 531–538. https://doi.org/10.1590/1982-0194201500089
Baremblitt, G. (1996). Compêndio de Análise Institucional e outras correntes: Teoria e prática. Rosa dos Tempos.
Borges, F. A., Rézio, L. A., L’Abbate, S., & Fortuna, C. M. (2018). A entrada no campo e a fabricação de dispositivos em pesquisas socioclínicas. Psicologia em Estudo, 23, e40373. https://doi.org/10.4025/psicolestud.v23.e40373
Carvalho, V. K. A., Godoi, D. F., Perini, F. B., Vidor, A. C., & Baron, G. (2020). Cuidado compartilhado de pessoas vivendo com HIV/AIDS na Atenção Primária: Resultados da descentralização em Florianópolis. Revista Brasileira de Medicina de Família e Comunidade, 15(42), 20–66. https://doi.org/10.5712/rbmfc15(42)2066
Foucault, M. (2019). História da sexualidade I: A vontade de saber (8ª ed.). Paz & Terra.
Franco, T. B., & Merhy, E. E. (2005). A produção imaginária da demanda e o processo de trabalho em saúde. In R. Pinheiro & R. A. Matos (Eds.), Construção social da demanda: Direito à saúde, trabalho em equipe, participação e espaços públicos (pp. 181–193). Cepesc/Uerj/Abrasco.
Giovanella, L., Bousquat, A., Schenkman, S., Almeida, P. F., Sardinha, L. M. V., & Vieira, M. L. F. P. (2020). Cobertura da Estratégia Saúde da Família no Brasil: O que nos mostram as Pesquisas Nacionais de Saúde 2013 e 2019. Ci ência & Saúde Coletiva, 26(1), 2543-2556. https://doi.org/10.1590/1413-81232021266.1.43952020
Giovanella, L., Franco, C. M., & Almeida, P. F. (2020). Política Nacional de Atenção Básica: Para onde vamos? Ciência & Saúde Coletiva, 25(4), 1475-1482. https://doi.org/10.1590/1413-81232020254.01842020
Giovanella, L., & Mendonça, M. H. M. (2012). Atenção Primária à Saúde. In L. Giovanella, S. Escorel, L. V. C. Lobato, J. C. Noronha, & A. I. Carvalho (Eds.), Políticas e Sistemas de Saúde no Brasil (2ª ed.). Fiocruz.
Guizard, F. L., Lopes, M. R., & Cunha, M. L. S. (2011). Contribuições do Movimento Institucionalista para o estudo de políticas públicas de saúde. In R. A. Mattos & T. W. F. Baptista (Eds.), Caminhos para análise das políticas de saúde (pp. 200–218). IMS/ENSP.
Hess, R. (2006). Momento do diário e diário dos momentos. In E. C. Souza & M. H. M. B. (Eds.), Tempos, narrativas e ficções: A invenção de si (pp. 89–103). EDIPUCRS.
L’Abbate, S. (2013). Análise Institucional e Saúde Coletiva: Uma articulação em processo. In S. L’Abbate (Ed.), Análise Institucional e Saúde Coletiva no Brasil (pp. 31–88). Hucitec.
Lourau, R. (1993). Análise Institucional e práticas de pesquisa. UERJ.
Martins, J. S., Abreu, S. C. C., Quevedo, M. P., & Bourget, M. M. M. (2016). Estudo comparativo entre Unidades de Saúde com e sem Estratégia Saúde da Família por meio do PCATool. Revista Brasileira de Medicina de Família e Comunidade, 11(38), 1–3. https://doi.org/10.5712/rbmfc11(38)1252
Merhy, E. E. (2002). Saúde: A cartografia do trabalho vivo. Hucitec.
Minayo, M. C. S. (1994). O desafio do conhecimento: Pesquisa qualitativa em saúde (3ª ed.). Hucitec/Abrasco.
Ministério da Saúde. (2008). Centros de Testagem e Aconselhamento do Brasil: Desafios para a equidade e o acesso. https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/centros_testagem_aconselhamento_brasil.pdf.
Ministério da Saúde. (2014a). Cinco passos para a implementação do Manejo da Infecção pelo HIV na Atenção Básica: Guia para gestores. https://telelab.aids.gov.br/index.php/biblioteca-telelab/item/download/95_1a77b46bf180de3257b89a1e010b2324
Ministério da Saúde. (2014b). Caderno de boas práticas em HIV/AIDS na Atenção Básica. https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/caderno_boas_praticas_hiv_aids_atencao_basica.pdf
Ministério da Saúde. (2017). Cinco passos para a prevenção combinada ao HIV na Atenção Básica. https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cinco_passos_revencao_combinada_hiv_atencao_basica.pdf
Nardi, H. C. (2008). O estatuto da diversidade sexual nas políticas de educação no Brasil e na França: A comparação como ferramenta de desnaturalização do cotidiano de pesquisa. Psicologia & Sociedade, 20(spe.), 12–23. https://doi.org/10.1590/S0102-71822008000400004
Paula, I. A., & Santos, N. J. S. (2012). A prevenção às DST/AIDS nos serviços de Atenção Básica no estado de São Paulo, 2012. In V. Paiva, G. Calazans & A. Segurado (Eds.), Vulnerabilidade e Direitos Humanos: prevenção e promoção da saúde (pp. 219–240). Juruá.
Pinto, V. M., & Capeletti, N. M. (2019). Reorganização do modelo de atenção às pessoas vivendo com HIV: A experiência do município de Florianópolis/SC. Revista Brasileira de Medicina de Família e Comunidade, 14(41), 1–8. https://doi.org/10.5712/rbmfc14(41)1710
Portaria n. 151, 14 de outubro de 2009. (2009). Estabelece fluxograma mínimo para diagnóstico laboratorial da infecção pelo HIV em indivíduos acima de 18 meses. Ministério da Saúde. http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/svs/2009/prt0151_14_10_2009.html
Portaria n. 77, 12 de janeiro de 2012. (2012). Dispõe sobre a realização de testes rápidos, na atenção básica, para a detecção de HIV e sífilis, assim como testes rápidos para outros agravos, no âmbito da atenção pré-natal para gestantes e suas parcerias sexuais. Ministério da Saúde. http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2012/prt0077_12_01_2012.html
Portaria n. 2.436, 21 de setembro de 2017. (2017). Aprova a Política Nacional de Atenção Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes para a organização da Atenção Básica, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Ministério da Saúde. https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2017/prt2436_22_09_2017.html
Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (UNAIDS). (2015). 90-90-90: Uma meta ambiciosa de tratamento para contribuir para o fim da epidemia de AIDS. https://unaids.org.br/wp-content/uploads/2015/11/2015_11_20_UNAIDS_TRATAMENTO_META_PT_v4_GB.pdf
Resolução n. 510, de 07 de abril de 2016. (2016). Dispõe sobre as normas aplicáveis a pesquisas em Ciências Humanas e Sociais. Conselho Nacional de Saúde. https://conselho.saude.gov.br/resolucoes/2016/Reso510.pdf
Rocha, M. L., & Aguiar, K. F. (2003). Pesquisa-intervenção e a produção de novas análises. Psicologia: Ciência e Profissão, 23(4), 64–73. https://doi.org/10.1590/S1414-98932003000400010
Rocha, K. B., Santos, R. G., Freire, I., & Pizzinato, A. (2018). Percepção dos Profissionais para Implantação do Teste Rápido para HIV e Sífilis na Rede Cegonha. Revista Psicologia e Saúde, 10(3), 17–29. https://doi.org/10.20435/pssa.v10i3.555
Rocha, K. B., Santos, R. R. G., Conz, J., & Silveira, A. C. T. (2016). Transversalizando a rede: O matriciamento na descentralização do aconselhamento e teste rápido para HIV, sífilis e hepatites. Saúde em Debate, 40(109), 22–33. https://doi.org/10.1590/0103-1104201610902
Rocha, K. B., Souza E. R. A., Moro, L. M., Zanardo, G. L. P., & Pizzinato, A. (2018). Aconselhamento na perspectiva de profissionais da atenção básica: Desafios na descentralização do teste rápido HIV/AIDS. Ciências Psicológicas, 12(1), 67–78. https://doi.org/10.22235/cp.v12i1.1597
Spink, M. J. P. (2003). Psicologia social e saúde: Práticas, saberes e sentidos. Vozes.
Zambenedetti, G., Piccinini, C. A., Sales, A. L. L. F., Paulon, S. M., & Silva, R. A. N. (2014). Psicologia e Análise Institucional: Contribuições para os Processos Formativos dos Agentes Comunitários de Saúde. Psicologia Ciência e Profissão, 34(3), 690–703. https://www.redalyc.org/articulo.oa?id=282033510011
Zambenedetti, G., & Silva, R. A. N. (2015). O paradoxo do território e os processos de estigmatização no acesso ao diagnóstico de HIV na atenção básica em saúde. Estudos de Psicologia, 20(4), 229–240. https://doi.org/10.5935/1678-4669.20150024
Zambenedetti, G., & Silva, R. A. N. (2016). Descentralização da atenção em HIV-AIDS para a atenção básica: Tensões e potencialidades. Physis Revista de Saúde Coletiva, 26(3), 785–806. https://doi.org/10.1590/s0103-73312016000300005
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Os artigos publicados na Revista Psicologia e Saúde têm acesso aberto (Open Access) sob a licença Creative Commons Attribution, que permite uso, distribuição e reprodução em qualquer meio, sem restrições, desde que o trabalho original seja corretamente citado.
.jpg)
